Verão e Pets: Guia Completo do Veterinário para Prevenir a Hipertermia
Verão e Pets: Guia Completo do Veterinário para Prevenir a Hipertermia

Verão e Pets: Guia Completo do Veterinário para Prevenir a Hipertermia

Verão e Pets: Guia Completo do Veterinário para Prevenir a Hipertermia[1][2]

Verão e Pets: Guia Completo do Veterinário para Prevenir a Hipertermia[1][2]

O verão chegou e com ele aquela vontade imensa de passar mais tempo ao ar livre com quem amamos. Sei bem como é tentador levar o cachorro para a praia, para o parque ou simplesmente aproveitar o sol no quintal. No entanto, como veterinário, vejo todos os anos casos tristes que poderiam ser evitados com informação simples. A estação mais quente do ano exige uma mudança radical na forma como cuidamos dos nossos animais. O calor não é apenas desconfortável para eles, pode ser fatal.

Você precisa entender que a tolerância térmica do seu amigo peludo é muito diferente da sua. Enquanto você pode tirar a camisa ou suar para se refrescar, ele está preso em um casaco de pele permanente. A hipertermia, ou insolação, acontece rápido e muitas vezes pega os tutores de surpresa. Não é apenas sobre ficar ofegante, é sobre um colapso sistêmico que pode ocorrer em minutos.

Neste artigo, vamos conversar de forma franca sobre como proteger seu pet. Vou compartilhar com você o que vejo na clínica e como adaptar sua rotina para garantir que o verão seja uma época de alegria, e não de visitas à emergência. Vamos mergulhar fundo na fisiologia, nos sinais de alerta e nas estratégias que realmente funcionam.

Entendendo a Fisiologia: Por Que Seu Pet Sofre Mais no Calor?

A transpiração limitada e o mito do suor

Muitos tutores chegam ao consultório acreditando que, se o cão ou gato não está molhado de suor, ele não está com calor. Você precisa apagar essa ideia da cabeça agora mesmo. Cães e gatos possuem glândulas sudoríparas, sim, mas elas estão localizadas quase exclusivamente nas almofadinhas das patas (os coxins). Essa área é ridiculamente pequena comparada à superfície total do corpo, tornando a transpiração um método ineficaz para baixar a temperatura corporal de um animal adulto.

Imagine tentar resfriar uma casa inteira abrindo apenas a fresta de uma janela pequena. É basicamente isso que acontece quando confiamos apenas no suor das patas. Como eles não conseguem eliminar o calor através da pele como nós fazemos, o calor interno se acumula rapidamente. O corpo deles funciona como uma garrafa térmica, retendo a temperatura, o que é ótimo no inverno, mas um perigo real no verão.

Essa limitação biológica significa que o tempo de reação deles ao calor é muito mais lento que o nosso para resfriar, mas muito mais rápido para superaquecer. Quando você começa a sentir calor, seu pet provavelmente já está em um estágio de desconforto térmico avançado. Entender essa diferença é o primeiro passo para ter empatia pelo que seu animal está sentindo quando o termômetro sobe.

O papel crucial da respiração na troca de calor

Já que eles não suam eficazmente, a principal ferramenta de refrigeração do seu pet é a respiração. Aquele ofegar constante, com a língua para fora, não é apenas sinal de cansaço; é um sistema de ar condicionado biológico trabalhando na potência máxima. Ao inspirar ar mais fresco e expirar ar quente e úmido, eles promovem a evaporação da saliva na língua e nas vias aéreas, o que ajuda a resfriar o sangue que circula naquela região.

Esse mecanismo funciona bem até certo ponto, mas tem um custo energético altíssimo. O ato de ofegar requer trabalho muscular intenso. O animal está gastando energia e gerando mais calor metabólico apenas na tentativa de se resfriar. Se o ar ambiente estiver muito quente ou úmido, esse sistema falha. A troca térmica não acontece se o ar que entra é tão quente quanto o corpo do animal, criando um ciclo vicioso perigoso.

Além disso, a respiração acelerada leva a uma perda rápida de fluidos. A saliva evapora, as mucosas secam e a desidratação se instala, tornando o sangue mais espesso e difícil de bombear. Isso sobrecarrega o coração exatamente no momento em que ele precisa trabalhar mais para enviar sangue para a periferia do corpo na tentativa de perder calor. É um equilíbrio delicado que pode ser rompido facilmente em um dia de sol forte.

A zona de perigo térmico e a falência dos órgãos

A temperatura corporal normal de um cão ou gato gira em torno de 38°C a 39,2°C, um pouco mais alta que a nossa. O problema começa quando essa temperatura ultrapassa os 40°C ou 41°C. Nesse estágio, não estamos mais falando apenas de “calor”, mas de desnaturação de proteínas. Pense no que acontece com a clara de um ovo quando é cozida: ela muda de estrutura e endurece. Algo similar, em nível celular, começa a acontecer no corpo do seu pet.

Quando a temperatura interna atinge níveis críticos, as células começam a morrer. O intestino é frequentemente o primeiro órgão a sofrer, permitindo que bactérias vazem para a corrente sanguínea. Os rins param de filtrar, o fígado sofre danos massivos e o cérebro começa a inchar. O sistema de coagulação do sangue também pode enlouquecer, causando microcoágulos por todo o corpo ou hemorragias espontâneas.

Essa cascata de eventos, conhecida como falência múltipla de órgãos, é a razão pela qual a hipertermia é uma emergência médica tão grave. Mesmo que consigamos baixar a temperatura do animal na clínica, os danos causados aos órgãos internos durante o período de aquecimento podem ser irreversíveis. Por isso, insisto tanto: a prevenção não é apenas um cuidado, é a única garantia de sobrevivência.

Os Sinais Silenciosos e Explosivos da Hipertermia

Identificando as primeiras mudanças de comportamento

Antes do colapso, seu pet vai tentar te dizer que não está bem, mas você precisa estar atento para “ouvir”. As mudanças comportamentais costumam ser os primeiros sinais sutis. Um cão que normalmente é ativo e brincalhão pode de repente começar a procurar incessantemente por superfícies frias, como o piso do banheiro ou a sombra mais densa do quintal, ignorando seus chamados para brincar.

A agitação também pode ser um sinal paradoxal. O animal pode parecer inquieto, andando de um lado para o outro, incapaz de encontrar uma posição confortável. Ele pode deitar, levantar, mudar de lugar, num ciclo de ansiedade causado pelo desconforto térmico. Em gatos, isso pode se manifestar como uma vocalização excessiva ou, ao contrário, um isolamento total em locais escuros e frescos da casa.

Outro sinal comportamental importante é a “expressão de pânico”. Cães em início de hipertermia muitas vezes ficam com os olhos arregalados e uma expressão facial tensa. Eles podem parar de obedecer a comandos simples não por teimosia, mas por confusão mental. Se você notar que seu pet está “aéreo”, desconectado do ambiente ou excessivamente letárgico durante um passeio, pare imediatamente tudo o que está fazendo.

Sinais físicos de alerta vermelho nas mucosas e pele

Se os sinais comportamentais passaram despercebidos, o corpo do animal começará a dar avisos físicos gritantes. A respiração se torna não apenas rápida, mas ruidosa e pesada. A língua pode ficar excessivamente estendida, parecendo maior do que o normal, e adquirir uma coloração vermelho-tijolo intenso ou até arroxeada (cianótica), indicando falta de oxigenação adequada.

A salivação se torna espessa e pegajosa, ou pode haver uma produção excessiva de baba que o animal não consegue engolir. Ao tocar no corpo dele, especialmente na região da virilha ou nas axilas, você sentirá a pele fervendo. As orelhas e as patas também estarão muito quentes ao toque. Verifique as gengivas: se você pressionar com o dedo e a cor demorar a voltar (mais de 2 segundos), ou se elas estiverem secas e pegajosas, o quadro é grave.

O ritmo cardíaco estará acelerado. Você pode sentir o coração do seu pet batendo muito forte apenas colocando a mão sobre o peito dele. Em alguns casos, pode ocorrer vômito ou diarreia, que às vezes contêm sangue. Esses são sinais de que o trato gastrointestinal já está sofrendo com a isquemia (falta de sangue) e a situação exige intervenção veterinária imediata.

Sintomas neurológicos e o momento do colapso

Quando o cérebro começa a ser afetado pelo calor excessivo, os sintomas neurológicos aparecem e são assustadores. O animal pode começar a cambalear, como se estivesse bêbado, tropeçando nas próprias patas (ataxia). Tremores musculares involuntários ou convulsões podem ocorrer, indicando sofrimento cerebral agudo.

A perda de consciência ou desmaio é o estágio final e mais crítico antes da morte. Se o seu pet colapsar e não responder aos estímulos, você tem pouquíssimos minutos para agir. Ocorre também o que chamamos de estupor, onde o animal está consciente mas não reage ao ambiente. As pupilas podem estar dilatadas ou não responderem à luz.

Neste ponto, o mecanismo de termorregulação do cérebro falhou completamente. O corpo não está mais tentando se resfriar; ele está simplesmente cozinhando por dentro. É angustiante ver um animal nesse estado, e é por isso que enfatizo tanto a identificação precoce. Se você esperar até ver sintomas neurológicos para agir, as chances de recuperação total diminuem drasticamente.

Prevenção Prática: Mudando a Rotina Pelo Bem-Estar

O mito do passeio “rapidinho” e o teste do asfalto

“Doutor, foi só uma voltinha no quarteirão”. Essa é a frase que mais ouço quando recebo um cão com patas queimadas ou hipertermia. Você precisa entender que o asfalto e o concreto absorvem e retêm calor de uma forma brutal. Mesmo que o ar pareça tolerável para você, o chão pode estar a 60°C ou mais. O seu pet está muito mais próximo desse calor radiante do chão do que você, além de estar descalço.

Adote a regra dos 5 segundos, também conhecida como “teste da mão”. Coloque as costas da sua mão no asfalto e segure por 5 segundos. Se você não aguentar manter a mão ali, seu cachorro não pode pisar ali. Simples assim. Não existe “calejamento” que proteja contra queimaduras de terceiro grau. As almofadinhas podem descolar e formar bolhas dolorosas que levam semanas para cicatrizar.

Mude os horários dos passeios. Esqueça o passeio do meio-dia ou das 14h. No verão, passear significa acordar mais cedo, antes das 8h da manhã, ou sair somente após as 19h ou 20h, quando o sol já se pôs e o chão esfriou. Se a rotina apertar e você não conseguir sair nesses horários, é preferível não passear e gastar a energia dele com brincadeiras mentais dentro de casa do que arriscar a saúde dele na rua.

Estratégias de hidratação para pets que bebem pouco

Água fresca e limpa deve ser um mantra na sua casa. Mas alguns pets, especialmente gatos, são péssimos em beber água voluntariamente. No verão, você precisa ser proativo e criativo. Espalhe várias vasilhas pela casa, não deixe apenas uma na cozinha. Pets têm preguiça e, se a água estiver longe, eles podem optar por não beber.

Use cubos de gelo na água para mantê-la fresca por mais tempo e atrair a atenção do animal. Para cães, você pode fazer “picolés” de caldo de carne natural (sem sal e sem temperos como cebola) ou congelar pedaços de frutas permitidas, como melancia ou melão. Isso transforma a hidratação em uma brincadeira e ajuda a baixar a temperatura interna. Fontes de água corrente são excelentes para gatos, pois o movimento instiga o instinto de beber.

Se você vai sair com seu cão, leve sempre uma garrafa de água e um pote portátil. Ofereça água a cada 15 ou 20 minutos, mesmo que ele não peça. A hidratação preventiva ajuda o sistema de resfriamento do corpo a funcionar com eficiência máxima. Lembre-se que um animal desidratado superaquece muito mais rápido porque tem menos volume sanguíneo para circular e resfriar o corpo.

Climatização do ambiente e o perigo dos locais fechados

Não subestime o efeito estufa dentro de casa. Deixar o pet em uma varanda envidraçada, em uma área de serviço fechada ou em um quintal sem sombra adequada é uma armadilha. O sol se move ao longo do dia; aquela sombra refrescante da manhã pode virar um forno solar à tarde. Garanta que seu pet tenha acesso livre a áreas ventiladas e sombreadas em todos os momentos do dia.

O uso de ventiladores ajuda, mas lembre-se que, para o cão, o ventilador só funciona se ele estiver molhado ou com a boca aberta (pela evaporação). O ventilador não baixa a temperatura do ar, apenas circula. O ar condicionado é o melhor amigo do seu pet no verão. Se não for possível, mantenha as janelas abertas para criar correntes de ar cruzadas.

Nunca, jamais, sob nenhuma circunstância, deixe seu animal trancado dentro do carro, nem por “um minutinho” para comprar pão. A temperatura dentro de um carro pode subir 20 graus em 10 minutos. Isso é uma sentença de morte. Vejo tutores que deixam frestas abertas achando que resolve, mas não resolve. O carro vira uma estufa mortal. Se você não pode levar o pet com você para fora do carro, deixe-o em casa.

Grupos de Risco: Quem Precisa de Atenção Redobrada?

O drama dos focinhos achatados (Braquicefálicos)

Se você é tutor de um Pug, Bulldog (Francês ou Inglês), Shih Tzu, Boxer ou gato Persa, preste muita atenção. Esses animais possuem a síndrome braquicefálica. A anatomia deles já dificulta a respiração em condições normais: narinas estreitas, palato mole alongado e traqueia estreita. No calor, essa anatomia se torna uma bomba relógio.

Como a principal forma de perder calor é ofegando, e eles têm uma via aérea obstruída mecanicamente, a eficiência do resfriamento deles é péssima. Eles precisam fazer muito mais esforço para respirar, o que gera mais calor, criando um ciclo de aquecimento muito rápido. Um Bulldog pode entrar em hipertermia apenas sentando ao sol por 15 minutos.

Para esses pets, o cuidado deve ser extremo. Passeios curtos, sempre na sombra, evitar excitação excessiva e manter o peso sob controle. Um braquicefálico gordo no verão corre risco de vida iminente. Mantenha-os no ar condicionado nos dias mais quentes e evite situações de estresse que façam a respiração acelerar.

O desafio térmico em idosos e cardiopatas

Animais idosos ou com problemas cardíacos têm uma capacidade reduzida de resposta ao estresse térmico. O coração precisa trabalhar mais forte para bombear sangue para a pele para resfriar, e um coração doente simplesmente não consegue atender a essa demanda. Além disso, idosos podem ter problemas respiratórios crônicos ou mobilidade reduzida, o que os impede de sair do sol e ir para a sombra sozinhos se ficarem presos ou dormirem.

Medicamentos que muitos cardiopatas tomam, como diuréticos, podem predispor à desidratação, agravando o risco de hipertermia. É vital monitorar a ingestão de água desses pacientes e evitar qualquer exercício extenuante. O verão para o idoso deve ser sinônimo de repouso em local fresco.

Esteja atento também a sinais de tosse ou cansaço fácil, que podem indicar que o calor está descompensando uma doença cardíaca pré-existente. A visita ao veterinário antes do verão para um check-up cardiológico é uma medida preventiva excelente para ajustar medicações se necessário.

Filhotes e a regulação térmica imatura

Do outro lado da vida, temos os filhotes. O sistema de termorregulação deles ainda não está totalmente maduro. Eles têm uma taxa metabólica alta e são naturalmente hiperativos, correndo e brincando até a exaustão sem perceberem os limites do próprio corpo. Eles não sabem parar quando estão superaquecendo.

Além disso, filhotes têm uma superfície corporal grande em relação ao peso, o que facilita tanto a perda quanto o ganho de calor rápido. Eles desidratam com uma velocidade assustadora. É seu papel ser o “freio” do filhote. Interrompa as brincadeiras, force pausas para descanso na sombra e ofereça água frequentemente.

Cuidado extra com filhotes na praia ou parques. A empolgação com a novidade pode mascarar os sinais de desconforto. Eles vão continuar correndo atrás da bolinha até colapsarem se você não intervier. Proteja o futuro do seu amiguinho controlando o ambiente dele agora.

Protocolo de Emergência: O Que Fazer Antes de Chegar à Clínica

Resfriamento ativo imediato: o jeito certo de fazer

Se você suspeitar de hipertermia, aja imediatamente. O tempo é tecido cerebral. O objetivo é baixar a temperatura do animal para cerca de 39,5°C, não para o normal (38°C), para evitar hipotermia rebote. Leve-o para o local mais fresco disponível imediatamente. Ligue o ar condicionado do carro no máximo ou coloque-o na frente de um ventilador.

Molhe o animal com água fresca (temperatura da torneira). Não precisa dar um banho completo se for difícil, mas foque nas áreas de troca de calor: barriga, axilas, virilha e patas. Você pode usar toalhas molhadas, mas deve trocá-las frequentemente ou deixá-las abertas, pois toalhas quentes sobre o corpo funcionam como isolante térmico e pioram a situação. O ideal é molhar a pele e deixar o ar bater para evaporar a água.

Ofereça água fresca para beber se ele estiver consciente e capaz de engolir, mas nunca force. Se ele estiver muito ofegante ou inconsciente, forçar água pode levar a líquido nos pulmões (falsa via), causando pneumonia aspirativa ou afogamento.

O erro fatal da água gelada e o choque térmico

O instinto de muitos tutores é jogar o animal em uma piscina de gelo ou dar um banho com água extremamente gelada. Não faça isso! A água gelada causa vasoconstrição periférica. Isso significa que os vasos sanguíneos da pele se fecham. Quando isso acontece, o sangue quente fica preso nos órgãos internos e não consegue ir para a pele para ser resfriado.

Você cria um isolamento térmico onde a pele fica fria, mas os órgãos internos continuam cozinhando. Além disso, o choque térmico pode causar tremores musculares (calafrios), e tremer gera calor, o que é exatamente o oposto do que queremos. Use sempre água em temperatura ambiente ou levemente fresca, nunca gelada. O resfriamento deve ser gradual e constante, não um choque súbito.

O uso de álcool nas patas é controverso e, em excesso, pode ser tóxico se absorvido ou inalado, além de resfriar rápido demais. Fique com a água fresca e o vento, é o método mais seguro e eficaz antes do atendimento profissional.

O transporte seguro para o hospital veterinário

Mesmo que o animal pareça melhorar com o resfriamento em casa, você deve levá-lo ao veterinário. As complicações internas (renais, hepáticas, coagulação) podem aparecer horas ou dias depois. O transporte deve ser feito com o ar condicionado do carro no máximo. Se não tiver ar condicionado, vá com as janelas abertas criando vento.

Não coloque o animal dentro de uma caixa de transporte fechada e abafada. Deixe-o no banco ou no chão do carro (se não estiver quente) onde circula mais ar. Mantenha as toalhas úmidas sobre ele durante o trajeto. Ligue para a clínica no caminho avisando que está chegando com um caso de hipertermia; isso permite que a equipe prepare oxigênio, fluidoterapia e medicações de emergência para quando você cruzar a porta.

Essa agilidade no transporte e a comunicação prévia podem ser o fator decisivo entre a vida e a morte do seu pet. Não pare para “ver se ele melhora”. A avaliação profissional é indispensável.

Ferramentas de Verão: Comparativo de Acessórios de Resfriamento

O mercado pet oferece diversas soluções para ajudar no calor. Como profissional, testei e ouvi relatos sobre muitos deles. Vamos comparar três dos mais populares para ver qual merece seu investimento.

CaracterísticaTapete Gelado (Vencedor)Colete de ResfriamentoBandana Refrescante
Como FuncionaGel interno ativado por pressão (não precisa de geladeira).Tecido que retém água e resfria por evaporação.Tecido ou gel na região do pescoço.
EficiênciaAlta. Resfria a barriga (grande área vascularizada).Média/Alta. Cobre tórax e costas, mas depende de estar molhado.Baixa/Média. Atua apenas na carótida/pescoço.
PraticidadeExcelente. Só colocar no chão. O pet vai quando quer.Média. Precisa molhar, torcer e vestir no animal.Boa. Fácil de colocar, mas seca rápido.
Duração3-4 horas de frescor contínuo. Recarrega sozinho.Enquanto estiver úmido (seca rápido no sol forte).Curta duração. Precisa re-molhar frequentemente.
IndicaçãoUso dentro de casa, descanso pós-passeio.Passeios e atividades ao ar livre.Passeios curtos e estilo.

Tapetes gelados: tecnologia a favor do conforto

Os tapetes gelados são, na minha opinião, o melhor investimento para uso doméstico. Eles funcionam com um gel que absorve o calor do corpo do animal e o dissipa. O melhor é que não precisam de eletricidade nem ir ao congelador. O animal deita, sente o frescor e relaxa.

A grande vantagem é a autonomia. O cão ou gato decide quando usar. Se ele sentir frio, ele sai. Isso evita o risco de hipotermia ou desconforto. Eles são duráveis e fáceis de limpar. Apenas tome cuidado se o seu cão for destruidor e gostar de rasgar coisas, pois o gel não deve ser ingerido, embora a maioria seja atóxica.

Coletes de resfriamento: mobilidade e frescor

Os coletes são ótimos para cães ativos que vão acompanhar o dono em caminhadas ou trilhas. Eles funcionam pelo princípio da evaporação. Você molha o colete, torce e veste no cão. A tecnologia do tecido mantém a umidade por mais tempo, refrescando o tórax onde estão os órgãos vitais.

O ponto negativo é que, se o colete secar totalmente e você não perceber, ele vira uma roupa quente que esquenta o animal. Você precisa estar atento para mantê-lo úmido. Além disso, alguns cães não gostam de usar roupas, sentindo-se travados.

Bandanas refrescantes: estilo ou funcionalidade?

As bandanas são charmosas e ajudam, mas não espere milagres. Elas resfriam a região do pescoço, onde passam grandes vasos sanguíneos, o que ajuda um pouco na termorregulação. São mais indicadas como um auxílio extra em dias moderados ou para fotos bonitas no verão.

Para um dia de calor intenso ou risco real de hipertermia, uma bandana sozinha não vai segurar a onda. Use-a em conjunto com outras estratégias, como hidratação e sombra, mas não confie nela como única proteção.

Parasitas e Cuidados com a Pele no Verão

Não podemos falar de verão sem mencionar os vilões microscópicos. O calor e a umidade são o resort de férias ideal para pulgas e carrapatos. A reprodução desses parasitas explode nessa época. Além da coceira infernal, eles transmitem doenças graves como a Erliquiose e Babesiose (doença do carrapato), que podem matar.

Mantenha o antipulgas e carrapatos rigorosamente em dia. Não atrase nem um dia a aplicação da pipeta, comprimido ou troca da coleira. Verifique seu animal após cada passeio, especialmente entre os dedos e nas orelhas. O verão também traz mais mosquitos, vetores da Dirofilariose (verme do coração) e Leishmaniose. O uso de repelentes específicos para pets é altamente recomendado.

Sobre a pele: cães de pelagem branca, focinho rosa ou com pouco pelo na barriga podem ter câncer de pele. O sol queima a pele deles como queima a sua. Use protetor solar específico para pets (o humano pode ser tóxico se lambido, devido ao óxido de zinco e outros componentes) nas pontas das orelhas e focinho. E lembre-se: tosa higiênica ajuda, mas raspar o pelo de certas raças (como Golden ou Husky) é um erro. O pelo também serve como isolante térmico contra o calor direto do sol. Converse com seu tosador sobre a “tosa de verão” adequada, que tira o volume sem expor a pele.

Cuidar do seu pet no verão exige adaptação e olhos atentos. Com essas diretrizes, você e seu melhor amigo poderão curtir a estação mais alegre do ano com segurança e saúde. Mantenha a água fresca, a sombra por perto e o bom senso sempre ativado. Bom verão!

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