Entendendo a Sensibilidade Térmica do Seu Pet
Cuidados Essenciais de Inverno: Muito Além da Roupinha Bonita
O inverno chegou e, com ele, aquela vontade de ficar embaixo das cobertas. Para nós, veterinários, essa época do ano acende um sinal de alerta nos consultórios. Não é apenas sobre o desconforto térmico; o frio traz mudanças fisiológicas e comportamentais importantes para cães e gatos. Se você acha que basta colocar um suéter de lã no seu peludo para resolver todos os problemas, precisamos ter uma conversa séria de consultório. A proteção contra as baixas temperaturas exige uma abordagem completa que vai do ambiente de dormir até a nutrição.
Muitos tutores chegam até mim preocupados porque o pet está mais quieto ou comendo menos água. Isso é reflexo direto da estação. O corpo do seu animal trabalha mais para manter a temperatura interna, e isso demanda energia e estratégia. O pelo, por mais denso que seja, não é uma armadura impenetrável contra ventos gelados ou a umidade do chão. Entender as necessidades biológicas do seu companheiro é o primeiro passo para garantir que ele atravesse os meses frios com saúde e bem-estar.
Vamos desmistificar algumas crenças e focar no que realmente funciona. Esqueça a ideia de que “bicho não sente frio”. Eles sentem, sofrem e podem adoecer por causa disso. Vou te guiar, como faço com meus pacientes presenciais, por um roteiro prático para blindar a saúde do seu melhor amigo neste inverno, garantindo conforto real e não apenas estético.
Entendendo a Sensibilidade Térmica do Seu Pet
Fisiologia canina e felina: como eles perdem calor
Você precisa compreender que a termorregulação dos animais é diferente da nossa. Cães e gatos perdem calor principalmente pelas extremidades – coxins (as “almofadinhas” das patas), orelhas e focinho – e também pela respiração. Quando a temperatura ambiente cai drasticamente, o organismo do animal prioriza o aquecimento dos órgãos vitais. Isso significa que o fluxo sanguíneo periférico diminui, deixando as patas e orelhas geladas mais rapidamente. É um mecanismo de defesa natural, mas que tem limites. Se o ambiente estiver muito agressivo, esse sistema entra em colapso, levando à hipotermia.
A pelagem funciona como um isolante térmico, criando uma camada de ar quente próxima à pele. No entanto, a eficiência desse isolamento depende da densidade e do tipo de pelo. O vento forte e a umidade são os maiores inimigos aqui, pois “quebram” essa barreira de ar quente. Um cão molhado ou exposto a correntes de vento perde calor muito mais rápido do que consegue produzir. Por isso, dias chuvosos de inverno são muito mais perigosos do que dias secos e frios.
Outro ponto crucial é a superfície de contato. Quando um animal deita diretamente em um piso frio, ocorre a perda de calor por condução. O corpo dele transfere calor para o chão incessantemente. Isso é exaustivo para o metabolismo do pet. É por essa razão que, muitas vezes, vemos animais tremendo mesmo estando secos; eles estão perdendo a batalha térmica contra o ambiente onde estão deitados.
Grupos de risco: filhotes, idosos e pelagem curta
Nem todos os pets enfrentam o inverno com as mesmas armas. Filhotes, por exemplo, ainda não têm um sistema de termorregulação totalmente maduro. Eles possuem pouca gordura corporal e uma massa muscular pequena, o que dificulta a retenção de calor. Para um filhote, uma noite fria sem proteção pode ser fatal ou levar a quadros graves de pneumonia muito rápido. Eles dependem inteiramente da intervenção do tutor para se manterem aquecidos.
Os idosos compõem outro grupo extremamente vulnerável. Com o envelhecimento, o metabolismo desacelera, e a capacidade de gerar calor interno diminui. Além disso, muitos idosos sofrem de perda de massa muscular (sarcopenia), o que reduz ainda mais a proteção natural. O frio também agrava dores crônicas articulares, fazendo com que o animal se movimente menos. Menos movimento gera menos calor corporal, criando um ciclo vicioso de frio e dor que precisamos quebrar com manejo adequado.
Animais de pelagem curta (como Pugs, Dachshunds, Pinschers) ou sem subpelo (aquela pelagem fofinha que fica por baixo do pelo principal) estão praticamente desprotegidos. Para eles, a roupa não é luxo, é um item de saúde. Gatos Sphynx ou cães como o Galgo Italiano sentem o impacto da temperatura quase imediatamente. Já raças nórdicas, como Huskys, toleram melhor, mas mesmo eles não são imunes a invernos úmidos ou a mudanças bruscas de temperatura dentro de casa.
Sinais claros de que seu animal está com frio
Seu pet não vai te dizer “estou com frio”, mas o corpo dele grita essa informação. O sinal mais óbvio é o tremor. Se ele está tremendo, o corpo já está em estado de emergência tentando gerar calor através da contração muscular. No entanto, antes do tremor, existem sinais sutis. A postura é um grande indicador: animais com frio tendem a se encolher, formando uma “bola”, escondendo o focinho sob a cauda ou entre as patas para conservar o ar quente da respiração.
Mudanças comportamentais também são frequentes. Se o seu cão, que normalmente adora ficar no quintal, começa a pedir para entrar insistentemente ou se recusa a sair da cama pela manhã, ele está evitando o desconforto térmico. A letargia ou sonolência excessiva pode ser um sinal de que o corpo está economizando energia. Eles também podem procurar ativamente fontes de calor, encostando-se em aquecedores, atrás da geladeira ou pedindo colo com mais frequência do que o habitual.
Fique atento às extremidades. Toque as orelhas e as patas do seu pet. Se estiverem excessivamente geladas ao toque, é hora de intervir. Em casos mais graves, a respiração e os batimentos cardíacos podem desacelerar. Não espere chegar a esse ponto. Ao notar que o animal está inquieto, procurando um lugar (“cavando” o sofá ou cobertores) e não consegue relaxar, assuma que ele precisa de aquecimento imediato.
O Guia Definitivo das Roupinhas Funcionais
Escolhendo o tecido certo: funcionalidade versus estética
O mercado pet está cheio de opções que parecem fantasias de carnaval, mas no inverno precisamos focar em tecidos técnicos. O algodão é ótimo para meia-estação, mas se molhar, demora a secar e gela o corpo. Para o frio real, procure tecidos como o soft, fleece ou lã sintética, que retêm o calor mesmo em ambientes úmidos e secam rápido. O fleece, em particular, é excelente porque cria bolsões de ar quente e é leve, não pesando sobre a coluna do animal.
Evite tecidos sintéticos que não respiram, como plásticos ou borrachas puras, a menos que seja uma capa de chuva específica com forro. Roupas que não permitem a troca de ar podem causar superaquecimento se o animal correr, ou pior, criar um ambiente úmido entre o tecido e a pele, favorecendo fungos e dermatites. Se o seu cão tem pelo longo, tecidos de lã natural podem causar nós terríveis devido ao atrito constante; nesses casos, prefira forros de tecido deslizante.
Lembre-se também da facilidade de lavagem. Roupas de inverno acumulam ácaros, pelos mortos e sujeira dos passeios. Você precisará lavá-las frequentemente. Tecidos que formam “bolinhas” ou que encolhem na máquina vão te dar dor de cabeça. A funcionalidade deve vir sempre antes da estampa bonitinha de urso.
A importância das medidas e da ergonomia para o movimento
Uma roupa mal ajustada é uma tortura para o animal. Se for muito apertada, restringe a circulação e a respiração, além de limitar o movimento das articulações, o que é perigoso para cães com artrose. Se for muito larga, o animal pode prender a pata dentro da roupa ao tentar correr ou se coçar, causando quedas e acidentes graves. Você deve conseguir passar dois dedos confortavelmente entre a roupa e o pescoço/axilas do pet.
A modelagem deve respeitar a anatomia. Cães machos precisam de uma abertura abdominal maior para não urinarem na roupa – nada pior do que passar o dia molhado de urina no frio. Para raças de peito largo, como Buldogues, roupas padrão muitas vezes apertam o tórax. Já os Galgos precisam de golas altas e corpos alongados. Não compre tamanho “M” baseando-se no “olhômetro”; use uma fita métrica para medir o comprimento das costas (da nuca à base da cauda) e a circunferência do tórax.
A ergonomia também envolve as cavas das patas dianteiras. Elas não devem roçar na pele sensível das axilas, o que causa assaduras dolorosas. Observe o seu pet andar com a roupa. Se ele estiver andando “travado”, como um robô, ou tentando morder a peça, algo está incomodando fisicamente. A roupa ideal é aquela que o animal esquece que está usando após alguns minutos.
Processo de adaptação para pets que não gostam de roupa
Nem todo pet aceita roupas de primeira. Para muitos, a sensação de algo envolvendo o corpo é aterrorizante e causa o que chamamos de “congelamento” (o animal fica estático). A introdução deve ser gradual e positiva. Comece colocando a roupa apenas por alguns minutos, oferecendo petiscos de alto valor ou iniciando uma brincadeira favorita imediatamente. Isso associa a roupa a algo prazeroso, não a uma punição.
Nunca vista a roupa e deixe o animal sozinho de imediato. Ele pode tentar tirá-la e se machucar. Nos primeiros dias, coloque a peça, faça carinho, dê comida e retire. Aumente o tempo gradativamente. Prefira modelos com velcro ou botões de pressão nas costas ou peito, evitando passar peças apertadas pela cabeça, pois muitos cães se sentem ameaçados com objetos cobrindo os olhos e orelhas momentaneamente.
Se o seu pet absolutamente não tolera roupas (alguns gatos e cães simplesmente não se adaptam), não force. O estresse diminui a imunidade. Nesses casos, invista pesado no ambiente: camas térmicas, aquecedores de ambiente (com proteção para não queimar) e eliminação de correntes de ar. Respeitar o limite do indivíduo é parte essencial do cuidado veterinário.
Preparando a “Toca” Perfeita: Camas e Ambiente
Isolamento térmico: a regra de ouro para a cama
A cama é o santuário do pet no inverno. A regra número um que repito no consultório é: isole a cama do chão. O piso frio “rouba” calor a noite toda. Mesmo uma cama fofinha, se a espuma for fina e estiver direto no porcelanato, não será suficiente. Coloque um tapete grosso, uma placa de EVA, papelão ou até mesmo um estrado de madeira embaixo da caminha. Essa barreira física faz toda a diferença na manutenção da temperatura.
Para cães que dormem em canis externos ou casinhas, o isolamento é questão de sobrevivência. A casinha deve ser elevada do solo (use tijolos ou pallets). Dentro, o ideal é usar camas com bordas altas, estilo “ninho”, que ajudam a reter o calor corporal. Existem hoje colchonetes com isolamento térmico aluminizado (semelhante a cobertores de emergência) dentro do forro, que refletem o calor do corpo de volta para o animal.
Não subestime o poder das camadas. Uma cama com um fundo grosso de espuma de alta densidade é melhor do que uma cama muito fofa, mas que afunda até o chão quando o animal deita. Verifique se o enchimento não está “vencido”. Se você sente o chão ao pressionar a cama com a mão, ela não serve para o inverno.
Localização estratégica dentro de casa
A cama mais cara do mundo não funciona se estiver no lugar errado. Evite corredores, áreas próximas a portas que se abrem frequentemente ou janelas com vedação ruim. Essas são zonas de correntes de ar (a famosa “friagem”). O local de dormir deve ser um canto protegido, longe do fluxo intenso de ar. Cantos de parede interna são ideais, pois paredes externas tendem a ser mais geladas e úmidas.
Observe onde o sol bate durante o dia. Se possível, tenha uma “cama diurna” ou um colchonete que possa ser movido para as manchas de sol pela casa. Isso permite que o animal faça a termorregulação natural durante o dia, absorvendo calor solar, o que ajuda a manter a temperatura à noite. Se você usa aquecedores, posicione a cama numa distância segura – perto o suficiente para sentir o calor, mas longe o suficiente para evitar ressecamento das vias aéreas ou risco de queimadura.
Para gatos, a altura é uma aliada. O ar quente tende a subir. Criar locais de descanso em prateleiras altas ou sobre móveis seguros pode garantir alguns graus a mais de temperatura para o felino, além de oferecer segurança comportamental.
O uso seguro de cobertores e mantas adicionais
Cães e gatos adoram “fazer ninho”, cavando os cobertores para criar uma toca. Ofereça mantas de microfibra ou soft, que são quentes e leves. Evite cobertores pesados de humanos que podem sufocar um animal pequeno se ele se enrolar demais e não conseguir sair. A regra é: o animal deve conseguir sair debaixo da coberta sozinho e sem esforço.
Cuidado com mantas de tricô ou crochê com tramas abertas. As unhas podem se prender nos fios, causando pânico e lesões nas patas. Prefira tecidos lisos e inteiros. Se o seu cão tem o hábito de destruir e engolir tecidos, o uso de cobertores deve ser supervisionado ou substituído por camas ultra-resistentes fechadas, para evitar obstruções intestinais graves.
Uma excelente dica é aquecer o local antes do animal deitar. Você pode usar uma bolsa de água quente (bem vedada e envolta em uma toalha) colocada na cama 15 minutos antes de dormir. Retire a bolsa antes do pet entrar, ou deixe-a num canto onde ele não possa roer, apenas para quebrar o gelo do tecido. Isso torna a cama muito mais convidativa.
| Característica | Cama Iglu (Toca) | Cama Retangular com Bordas | Colchonete Térmico |
| Retenção de Calor | Alta. O teto e as paredes contêm o ar quente da respiração. | Média. As bordas protegem do vento, mas o topo é aberto. | Média/Alta. Foca no isolamento do chão e reflexão de calor. |
| Indicação Principal | Gatos e cães de pequeno porte que sentem muito frio. | Cães de médio/grande porte que dormem esticados. | Animais com dores articulares ou para uso sobre sofás/camas. |
| Conforto/Postura | Ideal para quem dorme enroladinho. | Permite várias posições (esticado ou enrolado). | Excelente suporte ortopédico, mas sem proteção lateral. |
Higiene e Saúde Preventiva na Estação Fria
Ajustes na rotina de banhos e secagem
No inverno, a frequência de banhos deve diminuir. A água e o xampu removem a oleosidade natural da pele, que serve como uma barreira protetora. Banhos excessivos ressecam a pele, que já sofre com o tempo seco, causando coceira e descamação. Para cães de apartamento, espaçar os banhos e focar na higiene das patas e escovação diária é uma estratégia melhor. A escovação remove pelos mortos e ativa a circulação, ajudando na manutenção térmica.
Se o banho for inevitável, ele deve ser rápido, com água morna (teste no seu pulso, deve estar agradável, não quente) e em ambiente fechado sem correntes de ar. A secagem é a etapa crítica. O subpelo úmido é um convite para fungos e bactérias, além de baixar a temperatura corporal. Use o secador morno até garantir que o animal esteja 100% seco, inclusive na raiz do pelo. Nunca deixe o animal “secar ao sol” em dias frios.
Para gatos, banhos já são raros, mas no inverno devem ser evitados ao máximo, a menos que haja indicação terapêutica. O estresse térmico e psicológico para o felino não compensa a limpeza estética. Use banhos a seco (espumas específicas) ou lenços umedecidos se necessário.
Proteção contra doenças respiratórias e vacinação
Assim como nós temos gripe no inverno, os cães têm a Traqueobronquite Infecciosa Canina (Tosse dos Canis) e os gatos, a Rinotraqueíte. O ar frio e seco resseca as mucosas do trato respiratório, diminuindo as defesas naturais contra vírus e bactérias. Ambientes fechados com pouca ventilação facilitam a transmissão. Manter a vacinação em dia (especialmente a vacina contra a gripe canina e a quíntupla/quádrupla para gatos) é sua melhor linha de defesa.
Os sintomas incluem tosse seca (parece que o cão engasgou com algo), espirros, secreção nasal e falta de apetite. Ao notar tosse persistente, procure o veterinário. Não medique em casa. O inverno também pode agravar quadros de asma em gatos e bronquite crônica em cães idosos. O uso de umidificadores de ar no ambiente onde o pet dorme ajuda muito a manter as vias aéreas hidratadas.
Evite contato com animais desconhecidos ou aglomerações em parques nos dias muito frios, pois o vírus da gripe circula com facilidade. A prevenção é sempre mais barata e menos estressante que o tratamento de uma pneumonia secundária.
Cuidado redobrado com dores articulares e artrose
O frio é cruel com as articulações. A baixa temperatura causa vasoconstrição e aumenta a viscosidade do líquido sinovial (o “óleo” das juntas), tornando os movimentos mais rígidos e dolorosos. Animais com artrose, displasia ou velhinhos sofrem muito. Você notará que eles demoram mais para levantar, mancam nos primeiros passos da manhã ou hesitam em subir no sofá.
Mantenha seu pet aquecido. O calor ajuda a relaxar a musculatura e aliviar a dor. Roupas que cobrem as articulações do quadril e ombros são úteis aqui. Massagens suaves também ajudam a ativar a circulação antes do passeio. Evite pisos escorregadios; se o animal já está com dor e escorrega, a lesão pode ser grave. Use tapetes emborrachados nos caminhos principais da casa.
Converse com seu veterinário sobre suplementação de condroprotetores ou ajustes na medicação analgésica durante os meses frios. Muitas vezes aumentamos a dose ou introduzimos terapias complementares como acupuntura, que tem resultados fantásticos para dor crônica no inverno.
Nutrição Estratégica e Hidratação Invernal
Ajuste calórico: quem precisa de mais energia no frio?
Existe um mito de que todo cachorro precisa comer mais no inverno. Cuidado com isso. A verdade é dividida: animais que vivem fora de casa (quintal) realmente gastam mais energia para manter o corpo aquecido e podem precisar de um aumento de 10% a 20% nas calorias. Porém, o cão de apartamento, que passa o inverno deitado no sofá debaixo da coberta e passeia menos, na verdade gasta menos energia. Se você aumentar a comida dele, ele vai engordar.
A obesidade sobrecarrega as articulações, o que é péssimo no frio. Avalie o escore corporal do seu pet. Se ele está ativo e exposto ao frio, aumente levemente a porção. Se ele está hibernando no tapete da sala, mantenha a dieta ou até reduza os petiscos. A qualidade da proteína é mais importante que a quantidade; uma ração super premium fornece energia mais eficiente para a termorregulação.
Para gatos, o instinto de caça e atividade tende a diminuir. Monitore o peso de perto. O tédio muitas vezes leva o animal a pedir comida por falta do que fazer, não por fome real. Saiba diferenciar necessidade calórica de comportamento de “pidão”.
O desafio da água: estratégias para manter a hidratação
No frio, a sensação de sede diminui drasticamente, tanto para humanos quanto para pets. Isso é um perigo silencioso. A desidratação resseca a pele, piora a filtração renal e torna as secreções respiratórias mais espessas. Gatos, que já bebem pouca água por natureza, correm risco aumentado de problemas urinários e obstruções no inverno.
Você precisa ser proativo. Espalhe mais potes de água pela casa. Troque a água com frequência para que esteja sempre fresca, mas não gelada. Para gatos, fontes de água corrente são ótimas. Uma estratégia excelente é aumentar a oferta de alimentos úmidos (sachês e latas). Adicionar um pouco de água morna na ração seca também libera aromas que estimulam o apetite e, de quebra, hidrata o animal.
Monitore a urina. Ela deve ser clara e frequente. Se estiver muito amarela e concentrada, seu pet está bebendo pouca água. Água muito gelada pode causar sensibilidade nos dentes e garganta, desestimulando o consumo. Tente oferecer água em temperatura ambiente.
Suplementação de suporte para imunidade
O sistema imune pode ficar sobrecarregado com as mudanças de temperatura. Nutrientes específicos podem dar uma força extra. Ômega-3 (óleo de peixe) é um excelente aliado no inverno: ele melhora a qualidade da pelagem (mantendo o isolamento térmico), hidrata a pele de dentro para fora e tem potente ação anti-inflamatória para as articulações doloridas.
Antioxidantes e vitaminas, como Vitamina E e C, também ajudam a combater o estresse oxidativo. Existem probióticos que fortalecem a barreira intestinal, onde reside grande parte da imunidade. No entanto, nunca inicie suplementação por conta própria. “Vitamina demais” pode causar intoxicação. Consulte seu veterinário para uma prescrição personalizada baseada na idade e estilo de vida do seu pet.
Enriquecimento Ambiental em Dias de Chuva e Frio
Transformando a sala em um playground mental
Quando chove e faz 5 graus lá fora, o passeio longo de uma hora vira uma saída rápida de 5 minutos apenas para o banheiro. O resultado? Um cão cheio de energia acumulada, ansioso e destrutivo dentro de casa. Precisamos gastar essa energia mentalmente. 15 minutos de exercício mental equivalem a uma longa caminhada física em termos de cansaço.
Use a sala de estar. Esconda brinquedos ou petiscos pela sala e incentive o pet a procurar. Use caixas de papelão vazias, toalhas velhas enroladas com ração dentro, ou garrafas pet (sem tampa e argola) com furos para ele tirar a ração. Isso estimula o instinto de forrageamento. Para gatos, crie túneis com caixas ou use varinhas com penas para simular caça, fazendo-o pular e correr pelo sofá.
A ideia é desafiar o cérebro. Se o corpo não pode correr quilômetros lá fora, a mente deve trabalhar dobrado aqui dentro. Isso evita que o tédio se transforme em móveis roídos ou latidos excessivos.
Jogos de olfato para gastar energia sem sair de casa
O olfato é o sentido mais poderoso dos cães. “Cheirar” gasta muita energia metabólica. Tapetes de fuçar (snuffle mats) são excelentes para o inverno. Você esconde a ração seca entre as tiras de tecido e o cão precisa usar o nariz para encontrar cada grão. É relaxante e cansativo para eles.
Você também pode brincar de “esconde-esconde”. Peça para o cão ficar (ou alguém segura), esconda-se em outro cômodo e chame-o. Quando ele te encontrar, faça uma festa e dê um prêmio. Além de gastar energia, reforça o vínculo e o comando de “vem”. Para gatos, use catnip (erva do gato) em brinquedos novos ou caixas de papelão para reativar o interesse pelo ambiente.
Jogos de olfato acalmam a frequência cardíaca e reduzem a ansiedade de confinamento causada pelos dias seguidos de chuva sem passeios adequados.
Treino de propriocepção e novos truques indoor
O inverno é a época perfeita para adestramento. Ensinar novos truques (dar a pata, girar, fingir de morto) exige foco e concentração. Sessões curtas de 10 minutos, três vezes ao dia, mantêm o cão ocupado.
Trabalhe a propriocepção (consciência corporal). Faça o cão passar por cima de cabos de vassoura no chão, subir em almofadas instáveis ou andar para trás. Isso fortalece a musculatura profunda (o “core”) sem impacto, ajudando a proteger as articulações e gastando energia física de forma controlada e segura dentro de casa. É fisioterapia e diversão ao mesmo tempo.
Cuidar do seu pet no inverno exige observação e adaptação. Não existe uma regra única, existe o que funciona para o seu animal. Observe os sinais, ajuste a cama, escolha a roupa com critério técnico e não esqueça de nutrir o corpo e a mente. Com esses ajustes, o inverno deixará de ser um período de sofrimento e passará a ser a estação mais aconchegante do ano para vocês dois curtirem juntos no sofá. Mantenha seu amigo quentinho e seguro!


