Como lidar com cachorros cheirando os outros
Como lidar com cachorros cheirando os outros

Como lidar com cachorros cheirando os outros

Como veterinário, vejo essa cena e a reação dos tutores todos os dias no meu consultório. Muitos puxam a guia rapidamente, pedem desculpas ou tentam distrair o animal, como se ele estivesse fazendo algo rude. A verdade é que impedir esse comportamento é como tapar os ouvidos de uma pessoa que tenta ouvir seu nome ser chamado. O olfato é a visão principal do seu cão, e o que acontece ali atrás é uma troca de informações químicas vital para a socialização e sobrevivência da espécie.

Neste artigo, vamos deixar a vergonha de lado e mergulhar na ciência fascinante — e um pouco malcheirosa — por trás desse cumprimento canino. Você vai entender a anatomia envolvida, o que exatamente seu cachorro descobre sobre o outro e quando esse comportamento deixa de ser social para se tornar um sinal de alerta médico que exige a minha intervenção ou a de um colega.

A Química Secreta por Trás do “Olá” Canino

Para entender por que o traseiro de outro cão é tão fascinante, você precisa primeiro compreender que os cães não “veem” o mundo como nós. Enquanto nós dependemos da visão para identificar um amigo, o cão depende de compostos químicos. A região perianal dos cães abriga o que podemos chamar de “carteira de identidade biológica”, um sistema complexo que emite dados constantes sobre quem aquele indivíduo é.

Não se trata apenas de um cheiro forte ou desagradável para o nariz humano.[1] Para o cão, é uma nuvem de dados rica e estratificada. Cada cachorro possui uma assinatura química única, impossível de ser falsificada. Quando seu pet cheira o bumbum de outro, ele está acessando um banco de dados histórico e em tempo real, processando informações que vão muito além do simples “quem é você”.

O Papel das Glândulas Anais ou Sacos Anais[1][2][3][4]

O centro dessa comunicação está em duas pequenas bolsas localizadas sob a pele, uma de cada lado do ânus. Se você imaginar o ânus do seu cachorro como um relógio, essas glândulas estariam posicionadas aproximadamente nas horas 4 e 8. Elas são chamadas de sacos anais e são revestidas por células que produzem um líquido de coloração variada, geralmente acastanhada ou acinzentada, e de odor extremamente pungente e característico.

Esse líquido não é apenas um subproduto ou um resíduo. Ele é uma secreção ativa, rica em aminas e ácidos graxos voláteis que evaporam e carregam a informação pelo ar a curtas distâncias. Cada vez que o cão defeca, uma pequena quantidade desse líquido é espremida sobre as fezes, marcando o território. No entanto, durante o encontro social, o cheiro direto da região é muito mais potente e informativo do que o cheiro deixado no ambiente.

É importante que você saiba que essas glândulas funcionam de forma autônoma na maioria das vezes. Em um cão saudável, elas se esvaziam naturalmente. Porém, a retenção desse líquido pode causar desconforto, alterando inclusive o comportamento do animal. Quando um cão está com as glândulas cheias, ele pode atrair mais atenção de outros cães, que percebem a alteração no odor, ou pode se tornar reativo por causa da dor local, transformando o cumprimento em uma situação tensa.

Feromônios e a Identidade Única

Além do cheiro das glândulas anais, a região emite feromônios. Diferente dos odores comuns que sentimos ao passar perto de uma padaria, os feromônios são mensageiros químicos específicos que desencadeiam respostas fisiológicas ou comportamentais em indivíduos da mesma espécie. Eles não precisam ser “aprendidos”; o cão nasce programado para entendê-los.

A identidade única do seu cão é formada por uma mistura complexa de genética e microbioma. As bactérias que vivem nos sacos anais fermentam as secreções e contribuem para esse perfil de odor exclusivo. É por isso que seu cachorro pode cheirar um cão que não vê há anos e reconhecê-lo instantaneamente, mesmo que a aparência física daquele animal tenha mudado, ele tenha engordado ou envelhecido.

Essa assinatura química serve para manutenção da hierarquia social sem a necessidade de violência. Ao cheirar os feromônios, um cão consegue perceber se o outro é confiante, se é um indivíduo que tende à dominância ou se é mais submisso. Isso permite que eles ajustem a interação antes mesmo de qualquer contato visual ou físico mais brusco, prevenindo brigas desnecessárias no parque.

A Memória Olfativa de Longo Prazo

O cérebro canino é projetado para priorizar o cheiro. A área dedicada ao processamento olfativo no cérebro de um cão é proporcionalmente 40 vezes maior do que a nossa. Isso significa que a capacidade de armazenamento de “memórias de cheiro” é gigantesca. Quando seu cão cheira o bumbum de outro, ele está criando ou acessando um arquivo mental detalhado.

Pense nisso como um sistema de arquivamento sofisticado. O cão não apenas sente o cheiro no momento; ele o cataloga associando-o ao contexto: onde o encontro aconteceu, qual era a energia do outro cão e se a interação foi positiva ou negativa. Se o seu cão foi atacado por um Pastor Alemão no passado, ele pode ter associado a assinatura química daquela raça específica ou daquele indivíduo ao perigo.

Essa memória é extremamente persistente. Já atendi pacientes que reconheceram companheiros de ninhada depois de anos de separação apenas pelo cheiro da região perianal. Essa capacidade de lembrar “quem é quem” na vizinhança é crucial para a estrutura social dos cães, permitindo que eles saibam quem pertence ao grupo e quem é um intruso apenas monitorando os cheiros deixados nos postes ou cheirando diretamente os colegas.

O Órgão de Jacobson: O Superpoder Secreto

Você pode achar que o focinho úmido e gelado do seu cão faz todo o trabalho, mas existe uma ferramenta secreta que potencializa essa investigação: o órgão vomeronasal, também conhecido como Órgão de Jacobson. Localizado no palato mole, logo atrás dos dentes incisivos superiores, ele é uma estrutura tubular que conecta a cavidade nasal à boca.

Esse órgão é especializado em detectar compostos químicos que não têm cheiro no sentido tradicional, como os feromônios de grande peso molecular que não flutuam facilmente pelo ar. Ele funciona como um “segundo nariz” dedicado exclusivamente à comunicação social e sexual. Sem ele, a interação de cheirar o bumbum seria apenas sentir um cheiro ruim; com ele, torna-se uma leitura de dados biológicos.

Anatomia e Funcionamento do Sistema

O Órgão de Jacobson possui dutos que se abrem logo atrás dos dentes da frente do cão. Para fazer as moléculas chegarem até lá, você pode notar que seu cão às vezes lambe o ar ou bate os dentes levemente, ou fica com a boca entreaberta e a língua fazendo movimentos sutis após cheirar algo intenso. Esse comportamento ajuda a bombear as partículas de odor da boca para o órgão.

Diferente das células olfativas do nariz, que enviam sinais para o córtex olfativo onde os cheiros são interpretados conscientemente, os nervos do Órgão de Jacobson têm um caminho diferente. Eles detectam as substâncias químicas presentes no fluido anal e enviam sinais elétricos diretos, ignorando partes do processamento cognitivo racional.

Isso explica por que a reação do cão a certos cheiros é tão instintiva e imediata. A anatomia desse sistema é uma relíquia evolutiva que garante que a reprodução e a identificação de rivais ou parceiros aconteçam de forma eficiente. É uma maquinaria biológica perfeita que transforma moléculas líquidas em emoções e entendimentos concretos para o animal.

A Conexão Direta com o Cérebro Emocional

A grande mágica acontece quando a informação sai do Órgão de Jacobson. Ela viaja diretamente para o sistema límbico, especificamente para a amígdala e o hipotálamo. Essas são as áreas do cérebro responsáveis pelas respostas emocionais, sexuais e de sobrevivência, como o medo ou a agressividade.

Isso significa que cheirar o bumbum de outro cão não é uma escolha intelectual como “vou ver quem é esse cara”. É uma injeção direta de informação no centro emocional do cérebro. Se o outro cão estiver exalando feromônios de estresse ou agressividade, seu cão sentirá isso quase que fisicamente, mudando seu estado de humor instantaneamente antes mesmo que você perceba qualquer sinal de tensão.

Essa conexão direta é o motivo pelo qual você nunca deve forçar dois cães a se cheirarem se um deles estiver demonstrando sinais de recusa. O cão que recusa o contato pode estar captando sinais químicos de perigo que você não vê. O sistema límbico dele já disparou o alerta vermelho, e forçar a aproximação pode resultar em uma mordida defensiva rápida.

Diferença entre Cheirar e Processar Feromônios

É vital distinguir o olfato comum da detecção de feromônios. O nariz do seu cão (a parte externa e a cavidade nasal principal) é excelente para detectar odores voláteis: o cheiro da carne assando, a fumaça, o perfume que você usa. Isso ajuda o cão a encontrar comida e navegar no ambiente físico.

Já o processamento via Órgão de Jacobson, acionado ao cheirar as glândulas anais, lida com a comunicação intraespecífica (dentro da mesma espécie). Nós, humanos, temos esse órgão vestigial e inativo, o que torna difícil para nós compreendermos a profundidade dessa experiência. Para nós, cheiro é apenas cheiro. Para o cão, o cheiro processado pelo Jacobson é “conhecimento”.

Portanto, quando seu cão para e insiste em cheirar um ponto específico no outro cão por vários segundos, ele está alternando entre o olfato normal e o uso do sistema vomeronasal para obter a imagem completa. É como se ele estivesse lendo as manchetes com o nariz e depois lendo o artigo completo e as notas de rodapé com o Órgão de Jacobson.

O Que Exatamente Eles Descobrem Ali?

Agora que você entende a ferramenta e a química, vamos falar sobre o conteúdo da mensagem. O que seu cão descobre ao enfiar o nariz sob a cauda do vizinho? A quantidade de informações é surpreendente e cobre desde dados demográficos básicos até o estado de saúde complexo do outro animal.

Não é exagero dizer que é uma varredura completa de bio-dados. Em segundos, seu cão atualiza o “perfil” do amigo canino em sua mente. Essas informações determinam como a interação vai prosseguir: se será uma brincadeira de correr, uma disputa por postura ou apenas uma indiferença mútua seguida de cada um ir para o seu lado.

Identificação de Gênero e Estado Reprodutivo

A informação mais básica e urgente é o sexo do outro animal e seu status reprodutivo. Isso é governado por hormônios como estrogênio e testosterona, que alteram a composição química do fluido das glândulas anais. Um macho não castrado tem um cheiro muito distinto de um macho castrado ou de uma fêmea.

Se for uma fêmea, o cheiro revela onde ela está em seu ciclo estral. Mesmo que ela não esteja no pico do cio (a fase receptiva), as alterações hormonais sutis são detectáveis. Isso explica por que alguns machos podem ficar obcecados por certas fêmeas no parque, seguindo-as incansavelmente e cheirando repetidamente, para desespero dos donos. Eles estão monitorando a progressão do ciclo.

Para fêmeas que encontram outras fêmeas, essa informação serve para medir competição ou hierarquia. Já vi muitos casos de agressividade entre fêmeas que começaram após uma cheirada prolongada, pois a detecção de hormônios reprodutivos pode desencadear instintos de rivalidade territorial que não existiriam se ambas fossem castradas.

Dieta e Estado Emocional Recente

Pode parecer estranho, mas o que o outro cão comeu recentemente também está codificado ali. Os metabólitos da digestão são excretados e compõem o aroma pessoal. Seu cão consegue perceber se o outro tem uma dieta rica em proteínas, se comeu algo fora do comum ou se está com alguma disfunção digestiva que altere a fermentação intestinal.

Mais fascinante ainda é a detecção do estado emocional. Quando um cão está estressado ou com medo, seu corpo libera cortisol e adrenalina. Esses hormônios de estresse alteram o cheiro corporal rapidamente. As glândulas anais podem até se esvaziar espontaneamente em momentos de pânico extremo, criando uma “bomba de cheiro” de alarme.

Se seu cão cheira o bumbum de outro e imediatamente recua ou adota uma postura de apaziguamento (orelhas baixas, corpo curvado), ele pode ter detectado que o outro cão, apesar de parecer calmo visualmente, está quimicamente gritando “estou tenso e prestes a explodir”. É uma leitura emocional que previne conflitos.

Detecção de Doenças e Saúde Geral

O sistema imunológico também tem cheiro. Cães com infecções, inflamações ou doenças sistêmicas como diabetes têm alterações em seu metabolismo que se refletem nos odores excretados. O complexo principal de histocompatibilidade (MHC) é um conjunto de genes relacionados ao sistema imune que influencia o odor corporal.

Existem estudos e evidências práticas de que cães tendem a evitar ou tratar com mais cautela indivíduos que estão doentes. Na natureza, evitar um membro da matilha doente poderia ser uma forma de proteção contra contágio. No parque, você pode notar que seu cão cheira brevemente um cão idoso ou doente e logo perde o interesse, enquanto investe muito tempo em um cão jovem e saudável.

Essa capacidade de diagnóstico é a mesma que tentamos aproveitar quando treinamos cães para detectar câncer ou hipoglicemia em humanos. Eles estão apenas aplicando em nós a mesma tecnologia biológica que usam uns com os outros todos os dias para verificar se o colega de quatro patas está em plena forma.

Quando o Comportamento Indica Problemas de Saúde

Embora cheirar o bumbum seja normal, o excesso de atenção à própria região anal ou à de outros pode indicar que algo vai mal. Como veterinário, ensino meus clientes a observar a diferença entre uma curiosidade social e uma obsessão clínica. Se o foco na região traseira se torna a única atividade do seu cão, temos um problema.

Muitas vezes, o problema não está no nariz do cão que cheira, mas no bumbum do cão que é cheirado. Um odor excessivamente forte ou alterado pode atrair uma matilha inteira no parque, causando estresse para o cão afetado. Você precisa estar atento aos sinais físicos que acompanham esse comportamento olfativo.

A Doença do Saco Anal e Inflamações

A causa mais comum de interesse excessivo na região traseira é a saculite ou impactação das glândulas anais. Quando o líquido não é expelido naturalmente, ele engrossa, tornando-se pastoso e difícil de sair. Isso causa dor, coceira e uma sensação de peso. O cão começa a arrastar o bumbum no chão (o famoso “fazer o carrinho”) ou tenta morder a base da cauda.

Outros cães percebem essa inflamação imediatamente. O cheiro de uma glândula infectada ou com abscesso é diferente do cheiro normal de identidade. Ele carrega o odor de bactérias patogênicas e pus. Isso pode fazer com que outros cães queiram lamber a região do cão doente, numa tentativa instintiva de limpar a ferida, o que só piora a inflamação.

Se você notar que seu cão está sendo perseguido excessivamente por outros querendo cheirar seu bumbum, verifique se há inchaço ou vermelhidão na região do ânus. Pode ser que ele precise de uma drenagem manual feita por um profissional para aliviar a pressão antes que o saco anal se rompa.

Verminoses e Irritações Locais

Além das glândulas, parasitas intestinais podem causar irritação na região perianal. Vermes como o Dipylidium caninum, que é transmitido por pulgas, liberam proglotes (segmentos do verme) que saem pelo ânus e se movem ao redor da área, causando coceira intensa.

Isso altera o comportamento do seu cão e o perfil de cheiro da região. A irritação constante faz com que o cão lamba a área excessivamente, criando um ambiente úmido propenso a dermatites fúngicas ou bacterianas secundárias. Esse “novo cheiro” de infecção de pele misturado ao cheiro das glândulas cria um sinal confuso para outros cães.

Manter a vermifugação em dia e o controle de pulgas não é apenas uma questão de saúde interna, mas também de higiene social. Um cão livre de parasitas tem uma região perianal menos irritada e, portanto, uma interação olfativa mais “limpa” e menos focada em problemas médicos durante o cumprimento.

Alterações Hormonais e Cheiro Excessivo

Distúrbios hormonais, como o hipotireoidismo ou a Síndrome de Cushing, podem alterar a qualidade da pele e a produção de sebo em todo o corpo, inclusive na região perianal. Cães com problemas de pele crônicos (seborreia) costumam ter um cheiro rançoso que mascara ou altera a comunicação química natural.

Fêmeas com piometra (infecção no útero) ou vaginites podem ter secreções que se misturam ao odor da região anal, atraindo machos de forma equivocada e perigosa. Odores que mimetizam o cio podem colocar uma fêmea doente em risco de ser montada ou assediada por machos no parque, gerando estresse físico desnecessário.

Portanto, se o cheiro do seu cão mudou perceptivelmente para você (que tem um olfato muito inferior), imagine como isso está gritando para os outros cães. Consultas regulares e check-ups hormonais garantem que a “carteira de identidade” do seu cão esteja transmitindo apenas os dados corretos.

Gerenciando a Interação Social e a Higiene

Como tutor, seu papel é mediar essas interações sem bloquear a natureza do seu cão. Existe uma linha tênue entre permitir a socialização saudável e proteger seu animal de situações invasivas. Saber quando intervir e como cuidar da higiene da região é fundamental para uma convivência harmoniosa.

A higiene excessiva pode ser tão prejudicial quanto a falta dela. Tentar mascarar o cheiro natural do cão com perfumes ou banhos excessivos pode deixá-lo “invisível” ou “estranho” para os outros, dificultando a aceitação no grupo. O equilíbrio é a chave.

O Limite entre Socialização e Invasão

A regra de ouro no parque deve ser o consentimento canino. Uma cheirada rápida de 3 a 5 segundos é normal e aceitável. No entanto, se um cão persiste em cheirar o bumbum do outro, bloqueando seu movimento ou tentando montar, isso se torna invasivo.

Observe a linguagem corporal do cão que está sendo cheirado. Se ele coloca o rabo entre as pernas, tenta se sentar para bloquear o acesso ou mostra os dentes, a interação deve ser interrompida. Você deve chamar seu cão com um comando firme de “vem” ou “junto”, desviando a atenção dele para algo mais interessante, como um brinquedo ou petisco.

Nunca puxe a guia com tensão constante, pois isso pode aumentar a reatividade. O ideal é treinar o comando de interrupção em casa. Seu cão precisa entender que cheirar é permitido, mas incomodar não. Se o seu cão é o “cheirador obsessivo”, ele pode estar buscando segurança ou tentando controlar a interação por ansiedade.

Produtos que Alteram o Odor Natural

O mercado pet está cheio de produtos de higiene, mas cuidado com o que você usa na região traseira do seu cão. Lenços umedecidos com perfumes fortes de talco, lavanda ou frutas podem confundir a comunicação química. Imagine tentar ler um livro onde alguém derramou tinta colorida sobre as palavras; é isso que o perfume faz com os feromônios.

Para limpeza do dia a dia, especialmente após passeios onde as fezes podem ter grudado nos pelos, prefira água morna e sabão neutro ou lenços específicos sem fragrância. O objetivo é remover a sujeira física (fezes, terra) sem tentar eliminar a identidade química do animal.

Se o seu cão precisa de suporte para as glândulas anais, existem suplementos nutricionais que ajudam a firmar as fezes, promovendo o esvaziamento natural mecânico. Isso é muito melhor do que tentar limpar o cheiro externamente.

Treinamento para Cães Reativos ao Contato

Alguns cães odeiam ter o bumbum cheirado. Isso pode ser trauma ou apenas uma personalidade mais reservada. Se o seu cão reage com agressividade (rosnados ou mordidas) quando outro tenta cheirá-lo, você precisa protegê-lo dessa situação.

Não force seu cão a “fazer amigos”. Use um colete amarelo ou uma guia com aviso de “preciso de espaço” se necessário. Treine o foco dele em você. Quando outro cão se aproximar, recompense seu cão por olhar para você, e posicione-se corporalmente entre ele e o outro cão, bloqueando o acesso ao traseiro dele gentilmente.

Com o tempo, você pode dessensibilizar o cão, associando a aproximação de outros a recompensas de alto valor, mas respeite o limite individual. Nem todo cão quer ter sua “biografia” lida por estranhos, e isso é um direito dele que nós, como tutores, devemos garantir.

Comparativo de Soluções para Saúde das Glândulas Anais

Muitas vezes, o interesse excessivo na região anal (seja cheirando o próprio bumbum ou o de outros) é resolvido com manejo preventivo das glândulas. Abaixo, comparo três abordagens comuns que discuto com meus clientes.

CaracterísticaSuplemento Mastigável de Fibras (Glandex ou similar)Lenços Umedecidos HigiênicosExtrusão Manual (No Veterinário/Banho)
Objetivo PrincipalSaúde interna: firmar as fezes para esvaziar a glândula naturalmente ao defecar.Higiene externa: limpar resíduos fecais e odores superficiais.Intervenção mecânica: esvaziar a glândula acumulada manualmente.
Mecanismo de AçãoAumenta o volume do bolo fecal, pressionando as paredes do ânus de dentro para fora.Ação tensoativa suave para remoção de sujeira na pele e pelos.Pressão externa com os dedos para forçar a saída do líquido.
Frequência de UsoDiária (como um petisco).Sempre que necessário (após passeios).Apenas quando há indicação clínica (geralmente mensal ou bimestral).
VantagemSolução de longo prazo que trata a causa (fezes moles). Menos invasivo.Rápido, prático e melhora o convívio imediato dentro de casa.Alívio imediato da dor e pressão em casos de impactação aguda.
DesvantagemPode levar algumas semanas para mostrar resultados consistentes.Não resolve o problema da glândula cheia internamente; apenas mascara o cheiro.Se feito incorretamente ou com muita frequência, pode causar trauma e cicatrizes nos ductos.

Entender o “porquê” do comportamento canino transforma a nossa relação com eles. Da próxima vez que seu cão for cumprimentar um amigo no parque, você não precisará sentir vergonha. Observe a interação com curiosidade científica. Lembre-se de que ali, naquele gesto estranho para nós, existe uma conversa silenciosa, profunda e essencial para o bem-estar social do seu melhor amigo. Cuide da saúde dele, respeite seus instintos e aproveite o passeio.

Sources help

  1. zenanimal.com.br
  2. petscare.com
  3. vetsandclinics.com
  4. terra.com.br
  5. petlove.com.br
  6. dogo.app
  7. cuidadordecachorro.com.br
  8. exame.com
  9. youtube.com
  10. petcare.com.br
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