Bulldog Francês: Tudo sobre a raça queridinha do Brasil
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Cães e bebês: como preparar o pet para a chegada do filho


Cães e bebês: como preparar o pet para a chegada do filho

A chegada de um novo membro humano na família é um momento de alegria intensa e também de grandes mudanças estruturais na casa. Como veterinário percebo frequentemente que os tutores focam muito no enxoval do bebê e esquecem que para o cão essa transição pode ser traumática se não for bem gerenciada. O segredo para uma convivência harmoniosa não é apenas “esperar para ver” mas sim instituir um protocolo de adaptação ativa meses antes do nascimento.

Você precisa entender que seu cão não entende o conceito de “gravidez” da mesma forma que nós humanos entendemos racionalmente. Ele percebe as alterações hormonais da gestante as mudanças no ambiente e a flutuação na rotina da casa o que pode gerar ansiedade. O meu objetivo aqui é te passar um guia clínico e comportamental sólido para que seu “filho de quatro patas” receba seu filho humano com segurança e equilíbrio.

Vamos abordar isso com a seriedade clínica necessária mas com a praticidade que sua rotina exige. Preparei um roteiro completo que cobre desde a profilaxia sanitária até o manejo comportamental avançado. Siga estes passos e você transformará um potencial problema de ciúmes ou reatividade em uma relação de proteção e carinho mútuo.

O check-up veterinário pré-natal

Atualização do protocolo vacinal e antiparasitário

A primeira medida que você deve tomar assim que a gravidez humana é confirmada é agendar uma consulta completa para o seu cão. A imunização não é apenas sobre a saúde do animal mas é uma barreira sanitária fundamental para o recém-nascido que virá com um sistema imunológico ainda imaturo. Precisamos garantir que as vacinas polivalentes V8 ou V10 estejam em dia assim como a vacina contra a raiva e a tosse dos canis. Essas vacinas protegem contra doenças que embora muitas vezes sejam específicas dos cães garantem que o animal esteja saudável e não seja um vetor passivo de bactérias.

O controle de endoparasitas e ectoparasitas é ainda mais crítico quando falamos de convívio com bebês. Vermes como o Ancylostoma e o Toxocara podem causar zoonoses sérias em humanos conhecidas como Bicho Geográfico e Larva Migrans Visceral respectivamente. Você deve estabelecer um calendário rigoroso de vermifugação ou realizar exames coproparasitológicos seriados para garantir que o animal esteja livre de parasitas intestinais.

Além dos vermes o controle de pulgas e carrapatos deve ser impecável. Carrapatos são vetores de doenças graves como a Erliquiose e a Febre Maculosa que podem afetar humanos. Utilize produtos de longa duração e eficácia comprovada sempre verificando a segurança do princípio ativo caso o cão tenha contato muito próximo com a gestante. A prevenção aqui é a chave para evitar qualquer risco biológico no momento em que o bebê começar a engatinhar e explorar o chão.

Check-up físico e dores crônicas

Muitas reações agressivas de cães com crianças não nascem da maldade ou do ciúme mas sim da dor física não diagnosticada. Um cão que sofre de displasia coxofemoral artrose ou problemas de coluna pode reagir mal se for tocado de forma brusca por uma criança ou se tropeçarem nele. Por isso realizamos um exame ortopédico e físico detalhado para identificar focos de dor oculta.

Se diagnosticarmos qualquer condição dolorosa iniciaremos o tratamento ou o manejo da dor meses antes do bebê nascer. Um animal livre de dor é um animal com maior limiar de tolerância e paciência. Se o seu cão já é idoso essa etapa é inegociável pois a paciência de um cão geriátrico com desconforto é significativamente menor do que a de um cão jovem e saudável.

Além da dor física avaliamos também a saúde dermatológica. Dermatites fúngicas ou bacterianas causam prurido intenso e irritabilidade constante no animal. Tratar essas condições melhora o bem-estar do pet e reduz a carga de alérgenos e microrganismos no ambiente onde o bebê ficará. O objetivo é que o cão esteja em sua melhor forma física e mental para lidar com o estresse da mudança.

Zoonoses e a segurança do recém-nascido

Como médico veterinário preciso ser franco sobre as zoonoses que são doenças transmitidas de animais para humanos. Embora o risco seja baixo em animais bem cuidados ele não é nulo. Doenças como a Giardíase e a Leptospirose precisam estar no seu radar. A Giárdia é um protozoário comum que pode ser transmitido através de cistos no ambiente e pode causar diarreia severa em crianças.

A higiene passa a ser um fator de saúde pública dentro da sua casa. Você deve instituir uma rotina de limpeza das patas após os passeios utilizando lenços umedecidos com antissépticos próprios para uso veterinário. A boca do cão também deve ser avaliada pois a doença periodontal grave acumula bactérias que podem ser prejudiciais se houver lambedura excessiva no rosto ou nas mãos do bebê.

Não se trata de isolar o cão ou criar um ambiente estéril o que seria impossível e até prejudicial para o desenvolvimento imunológico da criança a longo prazo. Trata-se de minimizar riscos óbvios. Mantenha as unhas do cão sempre cortadas e lixadas para evitar arranhões acidentais que podem ser porta de entrada para infecções. A prevenção sanitária é a base para que a interação física seja segura e relaxada.

Dessensibilização sensorial antes do parto

Introdução a novos sons e ruídos

Os cães possuem uma audição muito mais sensível e aguçada que a nossa captando frequências que nós não ouvimos. O choro de um bebê é um som agudo intermitente e de alta frequência que pode ser extremamente estressante ou excitante para um cão que nunca foi exposto a isso. Alguns cães podem interpretar o choro como som de uma presa ferida despertando instinto de caça enquanto outros podem entrar em estado de ansiedade profunda.

Você deve começar a dessensibilização sonora hoje mesmo. Utilize gravações de choro de bebê disponíveis em plataformas de vídeo online. Comece reproduzindo o som em volume muito baixo enquanto oferece ao cão algo extremamente prazeroso como a refeição dele ou um brinquedo recheável. O objetivo é fazer uma associação positiva: “quando ouço esse barulho coisas boas acontecem”.

Aumente o volume gradativamente ao longo das semanas sempre observando a linguagem corporal do animal. Se ele demonstrar sinais de estresse como lamber o focinho bocejar ou tentar fugir diminua o volume imediatamente. Além do choro introduza sons de brinquedos de bebê barulhos de chocalhos e até sons de carrinhos de bebê andando. O ambiente sonoro da casa vai mudar e seu cão não deve ser pego de surpresa.

O poder do olfato e as roupinhas do bebê

O olfato é o principal sentido do cão e é através dele que o animal “enxerga” o mundo. Antes do bebê chegar da maternidade o cão já deve ter sido apresentado ao cheiro do novo membro da matilha. Aconselho que você comece a usar os produtos de higiene do bebê como loções talcos e sabonetes em você mesmo ou em panos pela casa semanas antes do parto.

Quando o bebê nascer e ainda estiver na maternidade peça para alguém levar para casa uma roupinha ou manta usada pelo recém-nascido. Não lave essa peça. Apresente-a ao cão de forma calma permitindo que ele cheire a uma certa distância. Não force o contato e não esfregue a roupa no focinho do animal. Deixe que a curiosidade natural dele atue.

Enquanto ele cheira e investiga recompense-o com petiscos de alto valor e elogios calmos. Isso cria uma memória olfativa afetiva positiva. Quando o bebê finalmente chegar “ao vivo” o cheiro já será familiar e associado a recompensas e tranquilidade. Para o cão o cheiro é a identidade química e essa apresentação prévia reduz drasticamente a ansiedade do primeiro encontro.

Acostumando com novos objetos e móveis

A casa vai se encher de “intrusos” na visão do cão: carrinhos berços bebê conforto cadeirões. Para um cão territorialista ou inseguro esses objetos grandes que surgem do nada podem ser assustadores. Monte os móveis e equipamentos com antecedência e deixe-os espalhados pela casa permitindo que o cão explore.

Muitos cães têm medo de rodas ou objetos que se movem. Treine caminhar com o carrinho de bebê vazio dentro de casa e no quintal com o cão ao lado. Recompense-o por caminhar tranquilamente ao lado do carrinho sem pular ou tentar morder as rodas. Isso evita acidentes futuros durante os passeios em família.

Se você possui balanços automáticos para bebês ligue-os sem o bebê para que o cão se acostume com o movimento e o barulho do motor. O cão precisa entender que esses novos objetos fazem parte da mobília e não representam ameaça. Se o cão costuma subir em sofás e você pretende usar o sofá para amamentar comece a delimitar o espaço ou ensinar o cão a pedir permissão para subir garantindo que você tenha espaço físico seguro.

Ajustes de rotina e liderança

Alterando os horários de passeio e alimentação

A chegada do bebê vai virar sua rotina de cabeça para baixo e consequentemente a do seu cão também. Se o seu cão está acostumado a passear rigorosamente às 7 da manhã e comer às 18 horas ele sofrerá se esses horários mudarem bruscamente quando o bebê nascer. A previsibilidade é importante para os cães mas a flexibilidade é essencial para os pais.

Comece a variar aleatoriamente os horários de alimentação e passeio. Atrase o passeio em 30 minutos ou adiante-o. Faça o mesmo com a comida. Isso ensina ao cão uma certa plasticidade comportamental e evita a ansiedade por antecipação. Se ele aprender que as necessidades dele serão atendidas em algum momento mas não necessariamente no minuto exato ele lidará melhor com os atrasos inevitáveis que ocorrerão.

Se quem passeia com o cão é a gestante é provável que ela não consiga fazer isso nos primeiros meses pós-parto. Comece a introduzir a pessoa que ficará responsável pelos passeios seja o parceiro um familiar ou um passeador profissional (dog walker). O cão deve criar vínculo e obediência com essa nova figura de referência antes da chegada do bebê para não sentir que foi “abandonado” pela tutora principal.

Definindo zonas permitidas e proibidas

Você precisa decidir agora quais serão os limites físicos dentro da casa. O cão poderá entrar no quarto do bebê? Ele poderá subir na poltrona de amamentação? A indefinição gera confusão e a confusão gera estresse. Se você não quer o cão no quarto do bebê instale portões de segurança para bebês ou grades meses antes.

O cão precisa se acostumar com a barreira física sem associá-la à criança. Se você colocar a grade apenas no dia que chegar com o bebê o cão fará uma associação negativa: “essa criatura chegou e eu perdi meu acesso”. Ao instalar antes torna-se apenas uma nova regra da casa sem carga emocional negativa vinculada ao recém-nascido.

Ensine o cão a ficar tranquilo do outro lado da grade ou da porta. Pratique entrar no quarto fechar o portãozinho e jogar um brinquedo recheado para o cão do lado de fora. Assim ele aprende que ficar separado de você por alguns momentos pode ser algo prazeroso e independente. Isso previne a ansiedade de separação quando você estiver ocupada cuidando do bebê no quarto.

Reduzindo a dependência emocional excessiva

Muitos cães são o que chamamos de “sombras” seguindo os tutores pela casa o tempo todo. Embora pareça fofo isso demonstra uma dependência emocional que pode se tornar perigosa com a chegada de um bebê pois o tempo de atenção exclusiva ao cão vai despencar. Você precisa ensinar o seu cão a cultivar a independência.

Inicie períodos de “desapego saudável”. Incentive o cão a ficar em outro cômodo enquanto você lê um livro ou assiste TV. Não faça carinho toda vez que o cão pedir. O carinho deve ser iniciado por você e não uma demanda do cão. Isso estabelece uma relação mais equilibrada onde você detém o controle dos recursos afetivos.

Se o cão pula em você o tempo todo ou exige colo comece a ignorar esses comportamentos e só dê atenção quando ele estiver com as quatro patas no chão e calmo. Um cão que exige atenção física constante pode acidentalmente machucar um bebê ou a mãe que pode estar se recuperando de uma cesariana. A independência emocional é um presente que você dá ao seu cão para que ele não sofra com a divisão de atenção.

O grande encontro e os primeiros dias

Como chegar da maternidade

O momento da chegada é crítico e deve ser coreografado. A mãe provavelmente estará ausente por alguns dias e o cão estará com muita saudade e energia acumulada. O erro mais comum é a mãe entrar em casa segurando o bebê no colo. O cão vai pular para cumprimentar a mãe e isso cria um risco imediato de acidente.

A estratégia correta é: outra pessoa segura o bebê no carro ou do lado de fora da casa. A mãe entra sozinha em casa primeiro. Ela deve cumprimentar o cão com calma gastar uns minutos fazendo carinho e deixando a excitação do reencontro baixar. Só depois que o cão estiver calmo o bebê deve entrar.

Isso remove a ansiedade do reencontro da equação da apresentação. O cão já “matou a saudade” da tutora e agora pode focar sua curiosidade no novo integrante com menos euforia. Mantenha o cão na guia nesse momento apenas por segurança para evitar pulos indesejados mas mantenha a guia frouxa para não passar tensão.

A primeira interação supervisionada

Com o cão calmo e na guia sente-se no sofá com o bebê. Permita que o cão se aproxime para cheirar os pés do bebê. Proteja a cabeça e as mãos do recém-nascido. Elogie o cão com voz suave se ele estiver calmo. Não force a aproximação. Se o cão não quiser chegar perto tudo bem respeite o tempo dele.

Observe os sinais de calma do cão. Se ele cheirar e sair andando é um ótimo sinal. Se ele ficar fixado encarando fixamente o bebê ou ficar muito rígido afaste-o gentilmente e tente novamente mais tarde. A interação deve ser breve. Alguns segundos de cheiro e pronto vida que segue.

Nunca em hipótese alguma deixe o bebê e o cão sozinhos no mesmo ambiente mesmo que por segundos. A supervisão deve ser ativa. Olhos no cão e no bebê. Cães são predadores por natureza e bebês fazem movimentos e sons que podem gatilhar reações instintivas. A confiança se constrói com o tempo e com histórico de interações positivas supervisionadas.

Gerenciando visitas e agitação

Nos primeiros dias sua casa vai receber visitas de avós tios e amigos. Isso gera agitação campainha tocando e gente estranha entrando. Para um cão isso pode ser o estopim para o estresse. O cão pode sentir que precisa proteger a casa ou o novo membro ou pode ficar superestimulado.

Tenha um “quarto de refúgio” ou um local seguro para o cão com água caminha e brinquedos. Se a casa estiver muito cheia e barulhenta pode ser melhor para o cão ficar nesse local tranquilo roendo um osso recreativo do que no meio da sala. Não obrigue o cão a interagir com as visitas se ele não quiser.

Instrua as visitas a não ignorarem o cão mas a interagirem de forma calma. Peça para que não façam festas estridentes que excitem o animal. O ambiente deve permanecer o mais sereno possível. Se o cão se comportar bem perto das visitas e do bebê recompense-o. Ele precisa entender que a presença de pessoas estranhas e do bebê resulta em coisas boas para ele.

Treinamento preventivo de obediência

Comandos de controle de impulso

Um cão que vai conviver com crianças precisa ter um “freio” mental muito bem ajustado. O comando “fica” é vital. Você precisa treinar o “fica” em situações de distração crescente. O cão deve ser capaz de permanecer sentado ou deitado enquanto você se movimenta com o bebê no colo.

Outro comando essencial é o “deixa” ou “não”. Se cair uma chupeta no chão ou uma fralda suja você precisa ter a certeza de que pode impedir o cão de pegar o objeto apenas com o comando verbal. Treine isso com petiscos de baixo valor no chão e recompensando com petiscos de alto valor quando ele ignorar o que está no chão.

O controle de impulso também envolve não pular. Ensine o cão a sentar para receber qualquer coisa: comida carinho ou para a porta abrir. Um cão que pula é um risco para uma gestante com equilíbrio alterado e para uma criança pequena que está aprendendo a andar. O comportamento padrão do cão deve ser “quatro patas no chão”.

Treino de manuseio e toques “desajeitados”

Bebês e crianças pequenas não têm coordenação motora fina. Eles puxam orelhas enfiam dedos em olhos e puxam o rabo. Embora devamos sempre impedir que a criança faça isso acidentes acontecem. O cão precisa ser dessensibilizado a toques invasivos para não reagir com mordidas defensivas.

Durante momentos de carinho comece a tocar as patas do cão mexer nas orelhas levemente puxar a pele do pescoço (sem machucar claro) e mexer na cauda. Enquanto faz isso entregue recompensas deliciosas. O cão deve associar que ter a orelha mexida significa ganhar queijo ou frango.

Simule abraços apertados que crianças costumam dar mas sempre monitorando o conforto do cão. Se ele rosnar ou mostrar os dentes pare imediatamente. Isso é um sinal de que atingimos o limite dele. Nesses casos procure ajuda de um especialista em comportamento animal para trabalhar essa tolerância de forma profissional.

Dessensibilização de recursos e brinquedos

A proteção de recursos é uma causa comum de mordidas. O cão pode rosnar se alguém chegar perto da comida ou do brinquedo dele. Com uma criança engatinhando pela casa isso é perigoso. Você deve treinar a troca. Ofereça algo melhor do que o que o cão tem para que ele solte o objeto voluntariamente.

Acostume o cão a ter pessoas passando perto do pote de comida dele jogando petiscos extras dentro do pote enquanto ele come. Isso ensina que a aproximação humana não é uma ameaça à refeição dele mas sim um bônus. Nunca tire a comida do cão à força para “mostrar quem manda”. Isso só gera desconfiança e aumenta a agressividade.

Lembre-se também que os brinquedos de bebê e de cachorro são muito parecidos hoje em dia. É injusto punir o cão por pegar um ursinho de pelúcia do bebê se ele tem um igual. A solução é gerenciamento: mantenha os brinquedos do bebê fora do alcance do cão e tenha brinquedos exclusivos e distintos para o pet ensinando-o quais são os dele.

Enriquecimento ambiental e saúde mental

Brinquedos interativos para momentos de amamentação

A amamentação é um momento que consome muito tempo e exige tranquilidade. O cão pode se sentir entediado e começar a pedir atenção justamente nessa hora. A melhor estratégia é ter brinquedos dispensadores de comida congelados e preparados previamente.

Quando você for sentar para amamentar ofereça esse brinquedo recheado para o cão em sua caminha. Lamber e roer são comportamentos naturais que acalmam o cão e liberam endorfinas. O cão ficará entretido por 20 ou 30 minutos tentando tirar a comida de dentro do brinquedo.

Isso cria uma associação positiva fantástica: “sempre que a mamãe senta com o bebê eu ganho meu brinquedo favorito”. O momento da amamentação deixa de ser um momento de exclusão e passa a ser o momento mais legal do dia para o cachorro permitindo que você cuide do bebê em paz.

O uso de feromônios e nutracêuticos calmantes

Para cães mais ansiosos podemos lançar mão da ajuda química natural. Existem no mercado difusores de análogos sintéticos do feromônio apaziguador canino. Esse feromônio mimetiza o cheiro que a cadela mãe exala para acalmar os filhotes. Ele não tem cheiro para nós mas passa uma mensagem de segurança para o cérebro do cão.

Além disso podemos usar suplementos nutracêuticos à base de triptofano passiflora ou valeriana que ajudam na produção de serotonina. Converse comigo ou com seu veterinário de confiança sobre a dosagem correta. Não é sedar o animal é apenas modular a ansiedade para que ele consiga aprender e se adaptar melhor.

Abaixo preparei um quadro comparativo para te ajudar a escolher a melhor ferramenta de auxílio para o perfil do seu cão:

CaracterísticaDifusor de Feromônio SintéticoColeira CalmantePetiscos Naturais (Passiflora/Valeriana)
Indicação PrincipalAnsiedade generalizada no ambiente (mudança de casa, novos membros).Ansiedade em passeios ou para cães que ficam muito no quintal.Situações pontuais de estresse ou recompensa relaxante.
Duração do EfeitoContínuo (dura aprox. 30 dias ligado na tomada).Contínuo (dura aprox. 30 dias no pescoço do cão).Efeito de curto prazo (algumas horas após ingestão).
Mecanismo de AçãoSinalização química olfativa (mimetiza a mãe).Liberação gradual de óleos essenciais ou feromônios.Atuação sistêmica leve no sistema nervoso central.

Criando um “porto seguro” para o cão

Todo cão precisa de um lugar onde ele saiba que é intocável. Pode ser uma caixa de transporte aberta um colchonete num canto tranquilo ou uma toquinha. A regra da casa deve ser: “se o cachorro está no porto seguro ninguém mexe nele”.

Isso é vital quando a criança começar a engatinhar e andar. O cão precisa ter uma rota de fuga. Se ele se sentir encurralado pela criança a única defesa que lhe resta é morder. Se ele sabe que pode se levantar e ir para a sua cama onde a criança não alcança ele escolherá fugir em vez de lutar.

Ensine o cão a ir para esse lugar sob comando (“vai pra casinha”). Torne esse lugar extremamente confortável. Esse espaço é a garantia de descompressão mental do animal permitindo que ele descanse profundamente sem ter que ficar em estado de alerta monitorando o bebê ou as visitas.


A preparação é um ato de amor tanto pelo seu cão quanto pelo seu filho. Não espere os problemas aparecerem para agir. Com paciência consistência e as ferramentas certas essa nova configuração familiar será um sucesso. Lembre-se que você é o líder e o guia do seu cão nessa jornada. Se você estiver calmo e confiante ele também estará. Boa sorte nessa nova fase incrível da sua vida!

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