Bernes em Cães e Gatos: Como Retirar a Larva e Tratar seu Pet
Bernes em Cães e Gatos: Como Retirar a Larva e Tratar seu Pet

Bernes em Cães e Gatos: Como Retirar a Larva e Tratar seu Pet

Bernes em Cães e Gatos: Como Retirar a Larva e Tratar seu Pet

Olá, tutor! Se você chegou até aqui, provavelmente encontrou um nódulo suspeito no seu amigo de quatro patas ou, pior, já viu aquela “cabecinha” da larva se mexendo na pele dele. Eu sei, a sensação é de aflição pura. Como veterinário, vejo essa cena quase toda semana no consultório e entendo perfeitamente o seu desespero misturado com a vontade de resolver o problema imediatamente.

Não se culpe. O berne é um problema extremamente comum em países tropicais como o nosso e não significa necessariamente que você descuidou da higiene do seu animal. Às vezes, basta um passeio rápido na grama ou um fim de semana no sítio para que a mosca encontre a oportunidade perfeita. O importante agora é manter a calma e agir da maneira certa para não transformar um problema simples em uma cirurgia complexa.

Neste guia, vou te explicar tudo o que você precisa saber sobre como identificar, tratar e, principalmente, como retirar a larva do berne com segurança. Vamos deixar de lado os mitos antigos de usar óleo queimado ou esmalte e focar no que a medicina veterinária recomenda para garantir a saúde do seu peludo sem causar dor ou infecções graves. Respire fundo e vamos cuidar disso juntos.

O que é o Berne e Como Ele Chega no seu Pet?

O Ciclo da Mosca Varejeira (Dermatobia hominis)

Para vencer o inimigo, você precisa conhecê-lo intimamente. O berne não é uma doença contagiosa que passa de cão para cão; ele é a fase larval de uma mosca específica, a Dermatobia hominis, popularmente conhecida como mosca-berneira. O ciclo de vida desse inseto é digno de um filme de ficção científica e demonstra uma estratégia evolutiva impressionante, embora nojenta para nós.

A mosca adulta, curiosamente, não pousa diretamente no seu cachorro ou gato para botar os ovos. Ela é esperta. Ela captura outro inseto menor no ar, geralmente uma mosca doméstica comum ou até um mosquito, e deposita seus ovos na barriga desse “transportador”. Quando esse inseto pousa no seu pet, o calor do corpo do animal estimula os ovos a eclodirem instantaneamente, e as larvas descem, penetrando na pele sã do seu bicho.

Uma vez dentro da pele, a larva começa a se desenvolver, alimentando-se dos tecidos do seu animal. Ela cria um orifício para respirar (aquele buraquinho que você vê) e se ancora com espinhos minúsculos que impedem que ela seja puxada facilmente. Esse ciclo dura algumas semanas até que a larva esteja pronta para sair, cair no chão, virar pupa e depois uma nova mosca. O nosso objetivo é interromper esse ciclo antes que ele cause danos maiores.

A Diferença entre Berne e Bicheira

É muito comum os tutores confundirem berne com bicheira (miíase), mas, na clínica veterinária, tratamos como problemas distintos com gravidades diferentes. O berne é causado por uma única larva que cresce em um nódulo individual. Você pode ter um cão com dez bernes, mas cada um estará em sua própria “casinha”, isolado, crescendo como um indivíduo solitário dentro da pele do hospedeiro.

Já a bicheira, causada pela mosca Cochliomyia hominivorax, é uma infestação massiva. Essa mosca põe ovos em feridas abertas e, quando eclodem, centenas de larvas comem a carne viva do animal vorazmente, cavando túneis e destruindo músculos em questão de horas. O cheiro da bicheira é característico e muito forte, enquanto o berne, a menos que infeccione, geralmente não tem odor pútrido no início.

Saber diferenciar é vital para o tratamento. Enquanto o berne muitas vezes pode ser resolvido com uma extração cuidadosa e medicação tópica, a bicheira é uma emergência médica que exige limpeza cirúrgica profunda, sedação e antibióticos potentes. Se você vê apenas um inchaço com um furo central, provavelmente é berne. Se vê uma ferida aberta com “movimento” intenso de várias larvas, corra para o hospital veterinário.

Por que Cães e Gatos são Alvos Fáceis?

Nossos animais de estimação são as vítimas perfeitas para a Dermatobia hominis por causa de seus hábitos e da própria anatomia. A pelagem, que deveria proteger, muitas vezes cria um microclima quente e úmido próximo à pele, ideal para a eclosão dos ovos quando o inseto vetor pousa. Além disso, cães e gatos frequentam quintais, jardins e áreas com terra, onde essas moscas costumam circular.

Animais que ficam muito tempo fora de casa, dormem em varandas ou têm acesso à rua estão estatisticamente mais propensos a contrair bernes. Gatos, por serem caçadores e entrarem em matagais, frequentemente aparecem com bernes na região do pescoço e cabeça, locais onde eles não conseguem se lamber ou se coçar com eficiência para espantar o inseto vetor antes que a invasão ocorra.

Outro fator é a saúde imunológica e a idade. Filhotes e idosos, que tendem a se mover menos ou ter um sono mais pesado, podem não perceber o momento em que o mosquito ou a mosca pousa neles. Animais debilitados também atraem mais moscas. No entanto, não se engane: até o cão mais saudável e limpo do mundo, se der um passeio no campo no horário errado, pode voltar com um “presente” indesejado sob a pele.

Identificando o Inimigo: Sintomas Claros de Berne

O Nódulo com “Olho”: O Sinal Clássico

O sinal mais evidente da presença de um berne é a formação de um nódulo subcutâneo, semelhante a um furúnculo ou uma espinha gigante. No começo, você pode sentir apenas um “caroço” duro ao fazer carinho no seu pet. Com o passar dos dias, esse caroço cresce rapidamente e desenvolve uma abertura central visível, que chamamos de poro respiratório.

Se você observar esse orifício com atenção e paciência, verá algo se movendo lá dentro. É a extremidade posterior da larva, onde ficam os espiráculos (nariz da larva), subindo para respirar. Às vezes, pode sair uma secreção serosa, levemente amarelada ou com um pouco de sangue, desse buraquinho. Esse é o momento em que a maioria dos tutores entra em pânico, mas é também o sinal definitivo para o diagnóstico.

A pele ao redor do orifício geralmente fica avermelhada, quente e inflamada. Diferente de um tumor ou um cisto sebáceo, o nódulo do berne tem esse “olho” aberto. Se você tampar esse buraquinho com vaselina (apenas para teste), a larva tentará sair para buscar ar, confirmando a suspeita. É uma característica única dessa parasitose que facilita muito a nossa vida na hora de diferenciar de outras doenças de pele.

Mudanças de Comportamento: Dor e Coceira

Além do sinal visual, seu pet vai te dizer que algo está errado através do comportamento. A presença da larva crescendo e se movimentando dentro do tecido subcutâneo gera um desconforto mecânico constante. O animal sente uma espécie de ferroada aguda cada vez que a larva se mexe e gira seus espinhos para se acomodar ou se alimentar.

Você vai notar que seu cão ou gato começa a lamber compulsivamente uma área específica do corpo. Se o berne estiver em um local que ele não alcança, como o dorso ou atrás da orelha, ele tentará coçar com a pata insistentemente ou esfregar a região em móveis e paredes. Esse comportamento de “coceira frenética” é muitas vezes confundido com alergia a pulgas, mas é mais localizado e intenso.

Em casos mais severos, ou se o berne estiver próximo a nervos ou áreas sensíveis (como pálpebras ou genitais), o animal pode ficar apático, parar de comer e até apresentar febre baixa devido à dor e à inflamação. Alguns cães ficam agressivos se você tentar tocar na região afetada, não por maldade, mas como um reflexo de defesa contra a dor aguda que sentem naquele ponto.

Infecções Secundárias: Quando o Problema Piora

O berne por si só já é ruim, mas o “buraco” que ele deixa é uma porta aberta para bactérias. O ambiente dentro do nódulo é úmido, quente e cheio de restos de tecido, o que o torna um paraíso para o crescimento bacteriano. É muito comum que, junto com a larva, se desenvolva uma infecção estafilocócica, gerando pus (aquele líquido amarelo e espesso) e mau cheiro.

Quando ocorre essa infecção secundária, o quadro clínico do animal piora drasticamente. A área incha muito mais do que o tamanho da larva justificaria, a pele fica roxa ou muito vermelha e o animal pode ter febre alta. Em gatos, é comum a formação de abscessos gigantescos que, quando estouram, deixam uma ferida ulcerada enorme que demora semanas para fechar.

Outro risco é a bicheira oportunista. A mosca da bicheira (Cochliomyia) é atraída pelo cheiro de feridas. Se o berne infeccionar e exalar odor, essa mosca pode depositar ovos na entrada do orifício do berne, criando uma infestação mista que é devastadora. Por isso, tratar o berne logo no início não é apenas uma questão de tirar o incômodo, é uma medida preventiva contra infecções generalizadas que podem levar à sepse.

O Guia de Remoção: O Que Fazer (e O Que NÃO Fazer)

A Regra de Ouro: Nunca Esprema o Berne!

Se você levar apenas uma lição deste texto, que seja esta: jamais esprema o nódulo do berne como se fosse uma espinha, sem antes matar ou imobilizar a larva. Eu sei que a tentação é grande, parece que se você apertar com força o “bicho” vai pular para fora. Mas a anatomia da Dermatobia hominis foi desenhada exatamente para resistir a isso.

A larva possui fileiras de espinhos voltados para trás, parecidos com anzóis. Quando você aperta o nódulo, esses espinhos se travam na carne do seu animal. Ao forçar, você causa uma dor excruciante no seu pet e corre um risco gravíssimo: estourar a larva dentro do corpo do animal. O corpo da larva contém proteínas estranhas que, se vazarem para a corrente sanguínea do cão ou gato, podem desencadear um choque anafilático imediato.

Além do risco de alergia grave, se partes da larva ficarem lá dentro, o corpo do animal tentará expulsar aquele material estranho criando um granuloma ou um abscesso severo. A cicatrização será lenta, dolorosa e exigirá muito mais antibióticos do que uma remoção limpa. Portanto, a força bruta é sua inimiga aqui. A técnica exige jeito, paciência e, acima de tudo, estratégia.

A Técnica de Sufocamento Seguro

Para retirar a larva com facilidade, precisamos que ela “desista” de se segurar. A forma mais segura e comum de fazer isso em casa, caso você não tenha acesso imediato a um veterinário, é através da obstrução do poro respiratório. A larva precisa de oxigênio. Se cortarmos o suprimento, ela precisará sair ou morrerá sufocada, relaxando os espinhos.

A melhor maneira de fazer isso é cobrir o orifício com uma camada generosa de vaselina sólida, pomada cicatrizante densa ou até mesmo toucinho (bacon), fixando com um esparadrapo. O objetivo é criar um selo hermético. Evite usar esmalte de unha, óleo queimado ou creolina; esses produtos são tóxicos, irritam a pele já lesionada do animal e podem causar intoxicação se o animal lamber a área (o que ele certamente tentará fazer).

Deixe esse curativo oclusivo agir por cerca de 30 minutos a uma hora. Quando você remover o curativo, muitas vezes verá a larva com a “cabeça” (na verdade, a cauda respiratória) bem mais para fora, tentando buscar ar desesperadamente. Em alguns casos, ela já estará morta ou atordoada, e os espinhos estarão relaxados, permitindo que a extração mecânica seja feita deslizando a larva para fora, e não arrancando-a à força.

O Uso de Medicamentos Orais

Uma das melhores “armas secretas” que usamos na clínica veterinária moderna para casos de berne é o uso de medicamentos à base de Nitenpyram (comercialmente conhecido como Capstar, entre outros). Este é um comprimido antipulgas de ação ultra-rápida que também funciona muito bem para miíases. Ao dar o comprimido para o seu cão ou gato, a medicação entra na corrente sanguínea em 15 a 30 minutos.

Quando a larva se alimenta do tecido ou do sangue do animal medicado, ela ingere o princípio ativo e começa a morrer ou fica extremamente agitada e depois paralisada. Isso faz com que ela solte os ganchos da musculatura do pet. Muitas vezes, após administrar o remédio, a larva sai sozinha ou fica muito fácil de ser removida com uma pinça, sem resistência alguma.

Sempre consulte a bula ou seu veterinário sobre a dosagem correta para o peso do seu animal. Essa estratégia é excelente para animais bravos, doloridos ou quando há muitos bernes, pois evita o trauma de ter que espremer ou manipular excessivamente uma área sensível. É uma forma “humana” e tecnológica de lidar com o parasita antes de partir para a remoção física.

O Momento da Extração: Passo a Passo e Cuidados

Preparando o Ambiente e Materiais

Se você decidiu fazer a remoção em casa porque o acesso ao veterinário é impossível no momento, prepare-se como se fosse para uma pequena cirurgia. Você vai precisar de uma boa iluminação, uma pinça (de preferência hemostática ou de sobrancelha, desde que esterilizada com álcool 70%), luvas descartáveis, gaze, antisséptico (como clorexidina ou iodopovidona) e um saco plástico para descartar a larva.

Escolha um momento em que o animal esteja calmo. Se for um gato ou um cachorro muito agitado, peça ajuda a outra pessoa para contê-lo com firmeza, mas com carinho. Enrolar o gato em uma toalha (técnica do “charutinho”), deixando apenas a área afetada exposta, ajuda muito a evitar arranhões e a manter o animal seguro.

Tenha tudo à mão antes de começar. O momento da extração deve ser rápido. Limpe bem a área ao redor do nódulo com a gaze e o antisséptico para remover crostas, sujeira e bactérias superficiais. Isso evita que, ao puxar a larva, você introduza mais sujeira para dentro da ferida aberta que ficará.

A Retirada Mecânica (Com Pinça)

Após realizar a técnica de sufocamento ou administrar o medicamento oral, observe o orifício. Se a larva estiver visível, use a pinça para segurá-la firmemente, mas sem esmagar. O segredo é ter uma “pegada” firme na parte mais robusta da larva que estiver exposta. Não pegue apenas na pontinha, pois ela pode arrebentar.

Com a larva presa na pinça, comece a puxar devagar e de forma constante. Não dê puxões bruscos. Você sentirá uma resistência elástica. Continue exercendo tração suave. O seu objetivo é cansar a larva ou aproveitar o momento em que ela solta os espinhos. Você pode fazer movimentos leves de rotação ou balanço para ajudar a soltar, mas o foco é a tração contínua para fora.

Quando a larva sair, é comum ouvir um som sutil de “pop” e ver a saída de um pouco de sangue e pus acumulado atrás dela. Verifique se a larva saiu inteira. Ela tem um formato de barril, gordinha no meio e mais fina nas pontas. Se ela parecer despedaçada, é sinal de que parte ficou lá dentro, e nesse caso, a visita ao veterinário torna-se obrigatória para limpeza cirúrgica.

Pós-Operatório Caseiro: Limpeza e Cicatrização

A missão não termina quando a larva sai. Na verdade, o cuidado pós-extração é o que vai garantir que seu pet fique curado de verdade. O buraco que fica é uma ferida contaminada. Você deve lavar o orifício abundantemente com soro fisiológico ou água corrente e sabão neutro para remover todo o pus e restos de tecido necrosado que a larva deixou para trás.

Após a limpeza, aplique uma pomada cicatrizante e antibiótica recomendada para uso veterinário. Spray prata ou pomadas com gentamicina/neomicina costumam funcionar bem. Em alguns casos, se o buraco for muito grande, pode ser necessário o uso de repelentes em pomada (unguento) ao redor da ferida para evitar que novas moscas pousem ali atraídas pelo cheiro de sangue.

Monitore a cicatrização diariamente. A ferida deve começar a fechar de dentro para fora. Se você notar que o local voltou a inchar, ficou quente ou está drenando muito pus dias depois da remoção, é sinal de infecção persistente ou de que algo ficou lá dentro. Nesses casos, antibióticos orais prescritos pelo veterinário serão necessários.

(Extra 1) Riscos de Tentar Resolver Sozinho em Casa

O Perigo da Larva Quebrar Lá Dentro

Eu preciso reforçar esse ponto porque é a complicação número um que recebo no consultório vinda de tentativas caseiras. Quando o tutor não tem a pinça adequada ou a paciência necessária, ele acaba cortando a larva ao meio. A parte posterior sai, mas a cabeça e o corpo ficam necrosando lá dentro.

O organismo do cão ou gato não consegue reabsorver esse “corpo estranho” gigante facilmente. O sistema imunológico encapsula o resto da larva, formando um cisto duro (granuloma) que pode calcificar ou virar um abscesso crônico que nunca cicatriza. Meses depois, o animal ainda pode ter um caroço inflamado naquele local, causando dor crônica.

Em situações assim, a única solução é cirúrgica. Precisamos anestessiar o animal, cortar a pele, remover todo o tecido em volta do resto da larva e dar pontos. O que seria uma extração simples de consultório vira um procedimento cirúrgico com custos mais altos e recuperação mais lenta para o pet.

Abscessos e Reações Alérgicas Graves

Como mencionei antes, o conteúdo interno da larva é altamente alergênico. Já atendi cães que, após o tutor espremer e estourar um berne, desenvolveram edema facial (cara inchada), vômitos e dificuldade respiratória em questão de minutos. Isso é um choque anafilático e pode ser fatal se não tratado com adrenalina e corticoides imediatamente.

Além da alergia, o abscesso é quase garantido se a higiene não for perfeita. Imagine uma caverna úmida e quente sob a pele. Se você introduz bactérias da sua unha ou de uma pinça suja ali dentro, a infecção se alastra para o tecido subcutâneo (celulite bacteriana). Isso causa febre, perda de apetite e muita dor, exigindo antibióticos fortes por longos períodos.

Quando Correr para o Veterinário de Plantão

Existem situações onde você não deve tentar tirar em casa de jeito nenhum. Se o berne estiver localizado nas pálpebras, dentro do ouvido, próximo ao ânus/genitais ou no nariz, não mexa. Essas áreas são extremamente vascularizadas e sensíveis. Uma puxada errada pode causar hemorragias graves ou danos permanentes (como cegueira ou surdez).

Outra situação de alerta é a quantidade. Se o seu animal tem múltiplos bernes (mais de 4 ou 5), não tente tirar um por um sem sedação. A dor cumulativa pode levar o animal ao choque neurogênico ou torná-lo agressivo. Leve ao veterinário para que ele seja sedado e o procedimento seja feito de uma vez só, sem sofrimento. E claro, se você não se sente seguro ou tem nojo (o que é normal), não force. Procure ajuda profissional.

(Extra 2) Prevenção: Como Manter as Moscas Longe

Higiene do Ambiente: O Básico que Funciona

A prevenção do berne começa longe do cachorro, começa no seu quintal. As moscas precisam de matéria orgânica para se proliferar. Recolher as fezes do seu animal imediatamente após ele defecar é a medida mais eficaz para diminuir a população de moscas na sua casa. Menos cocô no chão, menos moscas, menos risco de berne.

Lave o quintal com frequência, evite acúmulo de lixo orgânico aberto e mantenha a grama aparada. Frutas caídas de árvores apodrecendo no chão também são um ímã para insetos. Se você tem composteira, certifique-se de que ela está bem vedada. O controle ambiental é 70% da batalha contra as parasitoses externas.

Repelentes e Coleiras Antiparasitárias

Hoje em dia, a tecnologia veterinária nos oferece excelentes ferramentas de prevenção química. Existem coleiras, pipetas (pour-on) e sprays que possuem ação repelente específica contra moscas, além de pulgas e carrapatos. Produtos à base de Permetrina (cuidado, tóxico para gatos!) ou Deltametrina são muito eficazes para cães.

Para gatos, as opções são mais restritas devido à sensibilidade deles a certos compostos, mas existem produtos seguros no mercado. Converse com seu veterinário para escolher o repelente ideal para o estilo de vida do seu pet. Se você mora em sítio ou área com muita vegetação, o uso contínuo desses repelentes é praticamente obrigatório, especialmente no verão.

Inspeção Diária: O Melhor Remédio

Por fim, o hábito mais amoroso e preventivo que você pode ter é a “inspeção do carinho”. Tire cinco minutos do seu dia para escovar seu pet e apalpar todo o corpo dele. Passe a mão contra o pelo, sinta a pele, olhe embaixo das patas, atrás das orelhas.

O berne demora alguns dias para crescer. Se você detectar o nódulo quando ele ainda é minúsculo (uma “cabecinha de alfinete”), a remoção é muito mais simples, menos dolorosa e a cicatrização é quase imediata. A detecção precoce evita todo o sofrimento de uma larva grande e de infecções secundárias. O toque do dono é a melhor ferramenta diagnóstica que existe.

Comparativo de Métodos de Tratamento

Para facilitar sua decisão, preparei um quadro comparativo entre os principais métodos que discutimos:

CaracterísticaComprimido (Nitenpyram/Capstar)Extração Manual (Pinça)Pipeta/Topical (Imidacloprida/Permetrina)
Ação PrincipalMata a larva em 15-30 minRemove a larva viva ou mortaPrevine e pode matar lentamente
Dor para o PetMínima (apenas ingestão)Moderada a Alta (se sem sedação)Indolor na aplicação
EficiênciaAltíssima (larva sai sozinha ou fácil)Imediata (resolve na hora)Média (demora dias para cair)
CustoMédioGrátis (em casa) ou Consulta VetMédio/Alto
Melhor paraAnimais bravos ou com muitos bernesBernes únicos e acessíveisPrevenção contínua

Cuide bem do seu amigo, e lembre-se: na dúvida, o veterinário é sempre o melhor caminho!

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