Alergias de Pele em Cães: O Guia Definitivo Sobre Dermatites e Prurido
Alergias de Pele em Cães: O Guia Definitivo Sobre Dermatites e Prurido
Você já acordou no meio da noite com aquele barulho característico das unhas do seu cachorro batendo no chão ou a coleira tilintando incessantemente enquanto ele se coça? Se a resposta for sim, você não está sozinho nessa jornada. A queixa número um que recebo aqui no consultório é, sem dúvida, os problemas de pele. Ver seu companheiro desconfortável, perdendo pelos e ferindo a própria pele gera uma angústia enorme em qualquer tutor responsável.
A dermatite em cães não é apenas uma “coceirinha” passageira, é uma condição médica complexa que exige um olhar clínico apurado e muita paciência de nós dois, veterinário e tutor. Muitas vezes, o que vemos na superfície da pele é apenas a ponta do iceberg de um sistema imunológico que está reagindo de forma exagerada a algo que deveria ser inofensivo.
Neste guia, vou explicar a você tudo o que acontece no organismo do seu pet quando a alergia ataca. Vamos deixar de lado os termos complicados de livros acadêmicos e focar no que você realmente precisa saber para devolver a qualidade de vida ao seu cão. Preparei este material com a profundidade que o tema exige, pois entender a causa é o primeiro passo para o sucesso do tratamento.
Entendendo a Dermatite Canina e a Barreira Cutânea
O Mecanismo da Coceira e a Resposta Imunológica
A coceira, ou o que nós veterinários chamamos tecnicamente de prurido, é uma sensação desagradável que provoca o desejo de se coçar. Mas no seu cão alérgico, isso é muito mais do que uma simples sensação física. É uma cascata química complexa. Quando o alérgeno entra em contato com o organismo, células de defesa específicas liberam substâncias inflamatórias, como a histamina e citocinas, que enviam sinais diretos ao cérebro do animal dizendo: “coce agora!”.
É fundamental que você entenda que o cão alérgico possui um limiar de prurido muito mais baixo do que um cão saudável. Imagine um balde vazio. Em um cão normal, picadas de pulga, poeira e um pouco de calor enchem esse balde devagar, sem transbordar. No cão alérgico, o balde já está quase cheio por natureza. Qualquer pequeno estímulo faz o balde transbordar, resultando em crises intensas de coceira que parecem surgir do nada.
O sistema imunológico desses pacientes trabalha em “hora extra” desnecessária. Ele identifica substâncias comuns do dia a dia, como pólen ou proteínas da carne, como inimigos mortais. Essa batalha interna consome energia e gera inflamação sistêmica, afetando não apenas a pele localmente, mas o bem-estar geral do seu animal, deixando-o muitas vezes irritado ou letárgico.
A Função da Barreira Cutânea na Proteção do Pet
Pense na pele do seu cachorro como um muro de tijolos e cimento. Os tijolos são as células da pele (queratinócitos) e o cimento é uma mistura de gorduras (lipídios) que mantém tudo unido e impermeável. Em um cão saudável, esse muro é forte: ele impede a saída de água (mantendo a hidratação) e bloqueia a entrada de bactérias, fungos e alérgenos.
Nos pacientes com dermatites crônicas, esse “cimento” é defeituoso ou insuficiente. O muro apresenta rachaduras microscópicas. Isso permite que a água evapore rapidamente, resultando em uma pele seca e descamativa (xerose), e, pior ainda, abre as portas para que alérgenos microscópicos penetrem nas camadas mais profundas da derme.
Quando restauramos essa barreira cutânea, estamos, na verdade, “rebocando” esse muro. Por isso insisto tanto na hidratação tópica e no uso de produtos específicos. Não é apenas estética, é uma questão funcional de saúde. Sem uma barreira íntegra, qualquer tratamento medicamentoso terá eficácia reduzida, pois a porta de entrada para os problemas continua aberta.
Diferenciando Alergia Primária de Infecções Secundárias
Aqui está um ponto onde muitos tratamentos falham antes mesmo de começar. A alergia é a doença de base, a causa primária. No entanto, a pele inflamada e coçada perde suas defesas naturais, tornando-se um ambiente perfeito para o crescimento de oportunistas: bactérias (geralmente Staphylococcus) e leveduras (como a Malassezia).
Essas infecções secundárias, que chamamos de piodermites ou dermatites fúngicas, aumentam a coceira exponencialmente. Muitas vezes, você acha que o remédio da alergia parou de funcionar, mas na verdade, o que está causando o prurido naquele momento é uma superpopulação de bactérias. O tratamento precisa atacar as duas frentes simultaneamente.
Durante nossa consulta, eu busco diferenciar o que é a vermelhidão da alergia e o que são as pústulas, colaretes epidérmicos ou o cheiro forte característico das infecções. Tratar apenas a infecção sem controlar a alergia fará o problema voltar em semanas. Tratar apenas a alergia sem limpar a infecção fará com que o animal continue se coçando apesar da medicação.
Os Três Grandes Vilões: Tipos Mais Comuns de Alergias
Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasitas (DAPE)
A DAPE é, de longe, a alergia mais comum que atendo na clínica, e também a mais fácil de prevenir. O vilão aqui não é a pulga andando no cachorro, mas a saliva que ela injeta ao picar. Para um cão alérgico, uma única picada de pulga é suficiente para desencadear uma crise de coceira que pode durar até duas semanas.
Muitos tutores me dizem: “Doutor, mas eu nunca vejo pulgas nele!”. E eu acredito. O cão alérgico é tão eficiente em se coçar e se mordiscar que ele muitas vezes remove o parasita rapidamente, mas o estrago imunológico já foi feito. A reação geralmente se concentra na região lombar (perto da cauda), virilha e coxas.
O controle aqui não aceita falhas. Para um paciente com DAPE, o uso de antipulgas não pode atrasar nem um dia. Além disso, precisamos tratar o ambiente, pois 95% das pulgas estão na sua casa (em forma de ovos e larvas), não no animal. Se você tem um cão alérgico a picadas, o controle rigoroso é o remédio mais barato e eficiente que existe.
Hipersensibilidade Alimentar e a Dieta de Eliminação
A alergia alimentar é frequentemente culpada pelos tutores, mas estatisticamente é menos comum do que a atopia ou a DAPE. Quando ocorre, geralmente é uma reação às proteínas da dieta (frango, carne bovina, laticínios) e não aos grãos ou conservantes, como muitos pensam. Os sintomas podem incluir problemas gastrointestinais, mas muitas vezes se manifestam apenas na pele.
O diagnóstico dessa condição exige disciplina militar de sua parte. Não existe exame de sangue confiável para alergia alimentar em cães. O padrão ouro é a dieta de eliminação: oferecemos uma proteína inédita (que o cão nunca comeu) ou uma ração hipoalergênica com proteína hidrolisada (quebrada em pedaços tão pequenos que o corpo não reconhece) por 8 a 12 semanas.
Durante esse período, o pet não pode comer absolutamente nada fora da dieta. Um único pedaço de pão, um biscoito ou até mesmo um medicamento com saborizante de carne pode zerar o teste. Se após o período de dieta o cão melhorar, fazemos o desafio: reintroduzimos o alimento antigo. Se a coceira voltar, temos o diagnóstico confirmado. É um processo trabalhoso, mas que muda a vida do animal.
Dermatite Atópica e os Alérgenos Ambientais
Chegamos à “rainha” das dermatites: a Dermatite Atópica Canina. Esta é uma doença genética, crônica e incurável, mas perfeitamente controlável. Aqui, o cão é alérgico a coisas que estão no ar e no ambiente: ácaros da poeira doméstica, pólen de gramíneas, esporos de fungos e até descamação humana.
Os sintomas costumam aparecer entre os 6 meses e 3 anos de idade. As áreas mais afetadas são as “dobras quentes”: axilas, virilha, pescoço, face e entre os dedos. A atopia costuma ser sazonal no início (piora na primavera, por exemplo) e se torna constante com o passar do tempo se não houver manejo adequado.
Como não podemos colocar o cão em uma bolha, o tratamento da atopia foca em modular a resposta imune e fortalecer a pele. É um compromisso para a vida toda. O objetivo não é “curar” a alergia, mas manter o animal confortável e sem lesões, utilizando a menor quantidade de medicação possível a longo prazo.
Sinais Clínicos que Vão Além do Ato de Coçar
Pododermatites e o Hábito de Lamber as Patas
Você já reparou se as patas do seu cão estão com uma coloração marrom-avermelhada? Isso não é sujeira. É a oxidação da saliva devido ao hábito constante de lamber. Muitos tutores acham que o cão se lambe por higiene ou tédio, mas na grande maioria das vezes, isso é sinal de prurido nas extremidades, uma característica clássica da atopia.
A pododermatite (inflamação nas patas) causa dor e desconforto ao caminhar. A umidade constante da saliva favorece o crescimento de fungos entre os dedos, criando um ciclo vicioso de coceira e lambedura. Examinar a parte de baixo das patas e entre os coxins deve fazer parte da sua rotina de carinho semanal.
Se você notar inchaço, vermelhidão ou se o seu cão não deixa você tocar nas patas dele, precisamos investigar. Lamber as patas compulsivamente libera endorfinas que aliviam momentaneamente o estresse da coceira, mas destrói a barreira cutânea local, abrindo portas para infecções profundas e dolorosas.
Otites Recorrentes como Sinal de Alerta
A pele do cão não termina onde começa a orelha; o canal auditivo é, na verdade, uma extensão da pele, revestida pelo mesmo tecido. Por isso, cães alérgicos são campeões em ter otites (inflamação do ouvido). Em muitos casos, a otite é o único sintoma visível de uma alergia alimentar ou atopia.
Uma orelha saudável é autolimpante e não tem cheiro forte. Se você percebe excesso de cera escura, cheiro de “queijo”, vermelhidão na parte interna ou se o cão chacoalha a cabeça com frequência, estamos diante de uma otite. Tratar apenas o ouvido com gotinhas sem investigar a alergia de base é enxugar gelo: a otite vai voltar.
As otites alérgicas causam um espessamento do canal auditivo ao longo do tempo (estenose), o que dificulta a ventilação e a limpeza, tornando as infecções cada vez mais graves e difíceis de curar. O controle da alergia sistêmica é a melhor prevenção para a saúde auditiva do seu pet.
Liquenificação e Hiperpigmentação da Pele
A pele tem formas curiosas de se defender de agressões constantes. Quando um cão se coça ou se esfrega no mesmo lugar por meses ou anos, a pele começa a ficar grossa, dura e com uma textura parecida com couro de elefante. Chamamos isso de liquenificação.
Junto com o espessamento, vem a hiperpigmentação: a pele fica escura, quase negra. Isso é muito comum na barriga e nas axilas de cães com dermatite crônica. Essas mudanças não são apenas estéticas; elas indicam que a inflamação ali é antiga e que a pele perdeu sua elasticidade e função natural.
Embora essas marcas muitas vezes sejam permanentes, o tratamento adequado pode suavizar a textura e clarear a região. O mais importante é entender que a pele negra e grossa é um “grito” do organismo mostrando que a inflamação está ali há muito tempo e precisa de intervenção urgente para quebrar o ciclo inflamatório.
O Quebra-Cabeça do Diagnóstico no Consultório
A Importância da Anamnese e do Histórico Familiar
O diagnóstico dermatológico começa muito antes de eu tocar no seu animal; começa na nossa conversa. Eu preciso agir como um detetive. Perguntas como “A coceira começou antes ou depois das lesões?”, “Outros animais da casa se coçam?”, “Como são as fezes dele?” e “Você mudou o amaciante de roupas?” são cruciais.
O histórico familiar também pesa muito. Se os pais do seu filhote eram atópicos, a chance dele desenvolver o problema é alta. Saber a sazonalidade (se piora no verão ou no inverno) nos ajuda a diferenciar alergias a pólen de alergias alimentares, que costumam ser constantes o ano todo.
Eu preciso que você seja meus olhos em casa. Anotar quando as crises começam e o que aconteceu naquele dia ajuda a montar esse quebra-cabeça. Muitas vezes, o diagnóstico não sai na primeira consulta, pois precisamos excluir outras causas, mas uma boa anamnese encurta muito esse caminho.
Citologia Cutânea e Raspados de Pele
Estes são os meus “estetoscópios” na dermatologia. Em quase toda consulta de pele, vou coletar material. O raspado de pele (fazer uma leve escarificação na lesão) serve para buscar ácaros microscópicos como o Demodex (sarna negra) ou o Sarcoptes (sarna vermelha), que podem imitar alergias.
Já a citologia envolve coletar células da superfície da pele (usando uma fita adesiva ou lâmina) e olhar no microscópio. É aqui que descubro se há bactérias ou fungos complicando o quadro. Diferenciar se a infecção é por cocos (bactérias redondas) ou bacilos (bactérias em bastonete) muda completamente a escolha do antibiótico ou do shampoo.
Esses exames são rápidos, feitos na hora, e direcionam o tratamento imediato para dar alívio ao animal. Tratar “no escuro”, sem saber se há infecção secundária, é um risco que não podemos correr, pois pode levar à resistência bacteriana e prolongar o sofrimento do pet.
Testes Intradérmicos e Sorológicos
Quando já excluímos parasitas e alergia alimentar, e o diagnóstico clínico aponta para Dermatite Atópica, podemos partir para os testes específicos. O teste intradérmico (prick test) funciona como em humanos: injetamos pequenas quantidades de alérgenos sob a pele e vemos quais reagem.
Existe também a opção do teste sorológico, feito com coleta de sangue, que busca anticorpos (IgE) específicos para ácaros, fungos e pólens. É importante frisar: esses testes não servem para diagnosticar se o cão é alérgico ou não (isso é feito clinicamente), mas sim para descobrir do que ele é alérgico.
O objetivo principal desses testes é formular vacinas de imunoterapia. Com o resultado em mãos, podemos mandar manipular uma vacina específica para dessensibilizar o sistema imune do seu cão ao longo do tempo. É a única terapia que pode alterar o curso da doença a longo prazo, em vez de apenas remediar os sintomas.
Predisposição Racial e Fatores Genéticos
A Deficiência de Filagrina em Raças Específicas
Você já ouviu falar em filagrina? É uma proteína essencial para a formação da barreira cutânea que mencionei anteriormente. Estudos mostram que algumas raças, como o Golden Retriever e o Labrador, podem ter defeitos genéticos na produção dessa proteína. Isso significa que eles já nascem com a “parede de tijolos” da pele mais frágil.
Isso explica por que, mesmo com todo o cuidado do mundo, alguns cães dessas raças desenvolvem dermatites tão jovens. A pele deles retém menos água e permite a entrada de alérgenos com muito mais facilidade do que a de um cão sem essa predisposição genética.
Para esses pacientes, a reposição tópica de lipídios e ceramidas (presentes em ampolas spot-on ou shampoos especiais) não é opcional, é obrigatória. Precisamos fornecer externamente a proteção que a genética falhou em providenciar internamente.
O Caso dos Buldogues e as Intertrigos (Dermatite das Dobras)
Raças braquicéfalas (focinho curto) como Buldogues Francês, Inglês e Pugs, sofrem duplamente. Além da alta incidência de atopia, eles têm uma anatomia que favorece a proliferação de microrganismos. As dobras de pele no focinho e na cauda criam um microclima quente, úmido e escuro: o paraíso para bactérias e fungos.
Essa condição é chamada de intertrigo. Se o seu Bulldog tem alergia, as dobras serão o primeiro lugar a inflamar. A anatomia, somada à hipersensibilidade, cria lesões que cheiram mal e são dolorosas.
A limpeza diária dessas dobras com lenços específicos e a manutenção da área seca são essenciais. Muitas vezes, o controle da alergia sistêmica reduz o inchaço nessas áreas, permitindo que a pele “respire” melhor, mas o manejo anatômico é um cuidado eterno para essas raças.
Terriers e a Sensibilidade Cutânea Elevada
West Highland White Terriers (Westies), Yorkshires e Bull Terriers são historicamente conhecidos pelos dermatologistas. O “Westie” é tão propenso a problemas de pele que existe uma doença apelidada de “Pele de Tatu”, devido à liquenificação severa que eles desenvolvem.
Nessas raças, a resposta inflamatória tende a ser mais explosiva. Uma pequena picada ou uma mudança na dieta pode desencadear uma crise generalizada muito rápida. Além disso, eles costumam ter uma pele mais reativa a shampoos comuns e produtos de limpeza.
Se você tem um Terrier, a atenção aos primeiros sinais deve ser redobrada. Coceira nunca é normal, mas num Terrier, ela é um sinal de fumaça antes de um incêndio. O tratamento precoce e agressivo nas crises evita que a pele sofra danos irreversíveis.
Estratégias de Tratamento e Manejo Ambiental
Terapia Multimodal e o Uso Racional de Medicamentos
Não existe bala de prata para a alergia. O sucesso depende da terapia multimodal: atacar o problema por vários ângulos. Usamos medicamentos para cortar a coceira rápido (como oclacitinib ou anticorpos monoclonais), tratamos as infecções com antissépticos ou antibióticos e restauramos a barreira cutânea.
Antigamente, usávamos corticoides para tudo. Eles funcionam e são baratos, mas têm efeitos colaterais terríveis a longo prazo (danos ao fígado, ganho de peso, problemas renais). Hoje, a medicina veterinária avançou muito. Temos opções modernas que agem especificamente na molécula da coceira sem destruir o resto do organismo.
Abaixo, preparei um quadro comparativo para você entender as diferenças entre as abordagens terapêuticas que podemos utilizar:
| Característica | Terapia Multimodal (Padrão Ouro) | Tratamento Apenas com Corticoides | Tratamentos Caseiros (Vinagre, Enxofre, etc.) |
| Eficácia no Prurido | Altíssima e sustentável a longo prazo. | Alta no início, mas perde efeito com o tempo (taquifilaxia). | Baixa ou nula para crises alérgicas reais. |
| Segurança | Alta. Foca em alvos específicos da imunidade sem afetar órgãos vitais. | Baixa. Risco alto de diabetes, Cushing iatrogênico e problemas hepáticos. | Variável. Risco de queimaduras químicas e piora da irritação. |
| Custo-Benefício | Investimento inicial maior, mas economiza em internações e doenças futuras. | Barato na farmácia, mas caro pelos danos à saúde que gera depois. | Barato, mas ineficaz, permitindo que a doença avance. |
A Importância da Hidratação e Shampoo-terapia
O banho no cão alérgico não é para ficar cheiroso, é um tratamento médico. A shampoo-terapia remove alérgenos que estão na superfície da pele (como pólen), hidrata a barreira cutânea e controla a população de bactérias e fungos.
Mas atenção: a temperatura da água importa. Água quente piora a coceira (vasodilatação). O banho deve ser com água morna a fria. E o shampoo precisa ter o pH adequado para cães e componentes hidratantes como fitoesfingosina ou aveia coloidal.
Muitas vezes, prescrevo banhos semanais ou até a cada 3 dias na fase de crise. O contato do produto com a pele por 10 minutos é o que faz a mágica acontecer. Enxaguar bem é crucial, pois resíduos de shampoo podem irritar ainda mais a pele sensível.
Controle Ambiental de Ácaros e Pólens
Você não pode esterilizar o mundo, mas pode criar um “santuário” dentro de casa. Se o seu cão tem atopia, reduzir a carga de ácaros no ambiente onde ele dorme ajuda muito a manter o “balde” da alergia vazio.
Evite tapetes felpudos, cortinas pesadas e bichos de pelúcia na caminha dele. Lave a capa da cama do cachorro semanalmente com água quente (acima de 60°C mata os ácaros). Aspirar a casa com filtros HEPA é melhor do que varrer, pois varrer levanta a poeira para a altura do nariz do cão.
Evitar passeios em horários de polinização alta ou em grama recém-cortada também ajuda cães sensíveis ao ambiente externo. Limpar as patas com lenços umedecidos ao voltar da rua remove os alérgenos que ele “pisou” antes que sejam absorvidos ou lambidos.
Vivendo Bem com um Cão Alérgico
Lidar com dermatites é uma maratona, não uma corrida de 100 metros. Haverá dias bons e dias ruins, fases de remissão e crises inesperadas. O meu objetivo como seu veterinário é espaçar essas crises o máximo possível e garantir que, quando elas ocorrerem, sejam leves e rápidas de controlar.
O amor que você tem pelo seu pet é parte fundamental do tratamento. A observação diária, a disciplina com a dieta e os banhos terapêuticos fazem toda a diferença. Com o manejo correto e as ferramentas modernas que temos hoje, seu cão alérgico pode levar uma vida feliz, ativa e, o mais importante, sem coceira. Se você notar qualquer sinal que discutimos aqui, não espere “para ver se melhora”. A pele tem memória, e agir rápido é o segredo do sucesso.


