N&D Prime Mini
N&D Prime Mini

Se você tem um Maltês em casa, já deve ter percebido que eles não são apenas cães de companhia; são verdadeiros membros da realeza canina que, por acaso, dormem no seu sofá. No meu consultório, essa é uma das raças que mais gera dúvidas sobre nutrição. E não é para menos: eles são exigentes, possuem um metabolismo acelerado e, claro, aquela pelagem branca deslumbrante que exige cuidados específicos para não perder o brilho ou manchar.

Escolher a ração certa para o seu Maltês vai muito além de pegar o pacote mais bonito na prateleira do pet shop. Estamos falando de nutrir um animal que tem predisposição a problemas dentários, sensibilidade digestiva e a famosa (e temida) lágrima ácida. Como veterinário, vejo diariamente como a dieta errada pode transformar um cãozinho ativo e branquinho em um paciente com problemas de pele e apatia.

Neste guia, não vou apenas listar produtos. Vou te ensinar a ler o rótulo com os olhos de um profissional e entender o que realmente importa para a fisiologia do seu pequeno. Vamos mergulhar fundo nas necessidades nutricionais dessa raça encantadora e garantir que você tenha todas as ferramentas para oferecer a longevidade e a saúde que seu melhor amigo merece.

O Que Torna a Nutrição do Maltês Tão Específica?

A sensibilidade dermatológica e a pelagem branca

A característica mais marcante do Maltês é, sem dúvida, o seu manto branco e sedoso. Diferente de cães com subpelo denso, o Maltês possui um pelo que se assemelha muito ao cabelo humano, sem a camada de subpelo que protege a pele. Isso significa que a barreira cutânea deles é mais exposta e sensível a alérgenos ambientais e alimentares. Quando a nutrição é pobre em ácidos graxos essenciais, a primeira coisa que notamos no consultório é um pelo quebradiço, sem vida e uma pele ressecada, muitas vezes com descamação ou vermelhidão.

Para manter aquele branco impecável e a textura macia, a dieta precisa ser rica em Ômega 3 e Ômega 6, mas na proporção correta.[1] Não basta apenas ter gordura na ração; precisamos de fontes de alta qualidade, como óleo de salmão ou de linhaça, que atuam como anti-inflamatórios naturais. Uma ração genérica dificilmente entrega a concentração necessária de biotina e zinco quelatado, nutrientes fundamentais para a síntese da queratina. Sem eles, o pelo embola com facilidade e perde aquele caimento pesado e elegante típico da raça.

Além da estética, a saúde da pele é a primeira linha de defesa contra infecções. Muitos tutores chegam ao meu consultório reclamando que o cachorro se coça muito, e, em grande parte dos casos, a raiz do problema é uma alimentação com proteínas de baixa digestibilidade que disparam processos inflamatórios no organismo. Investir em uma ração focada na saúde dermatológica não é vaidade; é uma questão de saúde preventiva para evitar dermatites atópicas que são difíceis e caras de tratar.

Palatabilidade: lidando com o apetite caprichoso

Se existe uma reclamação universal entre os tutores de Maltês, é esta: “Doutor, ele enjoo da ração de novo”. O Maltês é notoriamente seletivo com a comida. Isso acontece por uma combinação de fatores comportamentais e fisiológicos. Eles têm um olfato apurado e são extremamente sensíveis à textura e ao tamanho do grão (croquete). Se o grão for muito duro ou grande demais, eles simplesmente recusam. Se o cheiro não for atrativo o suficiente, eles viram a cara.

A indústria de nutrição animal sabe disso e investe pesado em tecnologias de palatabilidade para raças pequenas. As melhores rações utilizam o que chamamos de “revestimento de gordura” ou palatabilizantes naturais à base de fígado hidrolisado para tornar o alimento irresistível. No entanto, o desafio é fazer isso sem tornar a ração excessivamente gordurosa, o que poderia levar à obesidade ou pancreatite. O equilíbrio é sutil.

Você precisa entender que ceder aos caprichos do seu pet oferecendo petiscos ou comida humana toda vez que ele recusa a ração cria um ciclo vicioso. O Maltês é inteligente e aprende rápido que, se fizer “greve de fome”, algo mais gostoso vai aparecer. Por isso, a escolha de uma ração de alta palatabilidade desde o início é crucial para evitar esse comportamento, garantindo que ele coma a quantidade necessária de nutrientes sem que você precise transformar a hora do jantar em um drama diário.

Metabolismo acelerado e necessidades energéticas

Não se deixe enganar pelo tamanho diminuto e pela aparência de bibelô. O Maltês tem um metabolismo extremamente acelerado, muito mais rápido do que o de um cão de grande porte. Isso significa que eles queimam energia em uma velocidade impressionante, mesmo em repouso. Eles precisam de uma densidade calórica maior por grama de alimento, pois seus estômagos são pequenos e não comportam grandes volumes de comida.

Uma ração comum de “manutenção” muitas vezes não supre essa demanda energética, o que pode levar a episódios de hipoglicemia (baixa de açúcar no sangue), especialmente em filhotes ou cães muito ativos. Os sintomas incluem tremores, fraqueza e desorientação, que assustam muito os tutores. Uma dieta formulada para raças mini concentra altos níveis de energia em pequenas porções, garantindo que cada mordida conte.

Além da energia, precisamos considerar a fonte dessa energia. Carboidratos de baixo índice glicêmico e gorduras de boa qualidade são preferíveis aos “enchimentos” como milho e soja em excesso. O objetivo é fornecer energia constante ao longo do dia, evitando picos e quedas bruscas de glicose. Isso mantém seu Maltês ativo, brincalhão e com o peso ideal, evitando a letargia que muitas vezes é confundida apenas com “preguiça” ou velhice precoce.

Análise das 5 Melhores Rações para Maltês

1. Royal Canin Maltês (Adulto ou Junior)

Royal Canin Maltês
Royal Canin Maltês

Quando falamos em nutrição específica para raças, a Royal Canin é quase sempre a pioneira, e no caso do Maltês, eles acertaram em cheio. O grande diferencial aqui não é apenas o marketing, mas a engenharia do croquete. O formato foi desenhado para facilitar a preensão e estimular a mastigação em mandíbulas pequenas, o que ajuda na limpeza mecânica dos dentes. Como veterinário, aprecio a inclusão de tripolifosfato de sódio, que quela o cálcio da saliva e reduz a formação de tártaro, um problema crônico na raça.

A fórmula é enriquecida com óleo de borragem e biotina, uma combinação poderosa para manter o pelo branco e macio. Muitos tutores relatam uma diminuição significativa na queda de pelo e uma melhora na textura após algumas semanas de uso. Além disso, a palatabilidade é excelente; raramente atendo um paciente que recuse essa ração, o que facilita muito a vida de quem tem um cãozinho exigente em casa.

No entanto, é importante notar que ela utiliza antioxidantes sintéticos (BHA/BHT) e transgênicos, o que pode ser um ponto negativo para tutores que buscam uma alimentação mais natural. Mas, do ponto de vista clínico e de resultados visíveis na saúde do animal, ela continua sendo uma das opções mais seguras e confiáveis do mercado, entregando uma consistência nutricional que poucas marcas conseguem igualar.

2. N&D Prime Mini (Farmina) – Cordeiro ou Frango

N&D Prime Mini
N&D Prime Mini

Se você busca o conceito de “nutrição ancestral” ou Grain Free (livre de grãos), a N&D da Farmina é, na minha opinião técnica, a melhor escolha disponível no Brasil hoje. Ela se destaca por ter um índice altíssimo de proteína de origem animal (acima de 90% das proteínas totais), o que é excelente para manter a massa muscular magra do seu Maltês. A ausência de cereais como milho e trigo reduz o risco de picos glicêmicos e alergias alimentares comuns.

O que me faz recomendar a N&D frequentemente é o uso de ingredientes funcionais, como romã, laranja e mirtilo, que são fontes naturais de antioxidantes potentes. Isso ajuda a combater o envelhecimento celular e fortalece o sistema imunológico. Para o Maltês, a versão de Cordeiro com Mirtilo é fantástica, pois o cordeiro é uma proteína nobre e menos alergênica que o frango, ideal para cães com pele sensível ou propensos a coceiras.

Outro ponto positivo é a conservação natural com tocoferóis (vitamina E) e extrato de alecrim, evitando aditivos químicos artificiais. A única ressalva é que o nível de proteína e gordura é alto. Se o seu Maltês for muito sedentário ou já tiver problemas renais diagnosticados, essa ração pode ser “forte” demais, exigindo um ajuste rigoroso na quantidade diária para evitar ganho de peso excessivo.

3. PremieR Raças Específicas Maltês

A PremieR oferece um dos melhores custos-benefícios do mercado na categoria Super Premium. A versão específica para Maltês foi formulada com um foco muito grande na saúde intestinal e na redução do odor das fezes, graças à combinação de fibras especiais, prebióticos e extrato de yucca. Para quem vive em apartamento com o cão, isso faz uma diferença enorme no dia a dia.

 PremieR Raças Específicas Maltês
PremieR Raças Específicas Maltês

Um detalhe técnico que me agrada nesta fórmula é o complexo “Derma System”, que combina zinco e ômegas para a proteção da pele. Embora não seja tão concentrada quanto a N&D, ela entrega resultados muito sólidos para a manutenção diária. A ração também conta com níveis controlados de minerais para prevenir a formação de cálculos urinários, uma preocupação constante em cães de raças pequenas que bebem pouca água.

A PremieR também oferece a garantia de satisfação: se o seu cão não comer, eles trocam o produto. Isso dá uma segurança enorme para o tutor testar a adaptação. É uma ração equilibrada, que cumpre o que promete sem custar uma fortuna, sendo uma excelente porta de entrada para quem quer sair das rações Standard ou Premium e oferecer uma nutrição de verdade.

4. Guabi Natural Cães Mini e Pequenos (Salmão e Cevada)

A Guabi Natural passou por uma reformulação excelente e hoje compete de igual para igual com marcas internacionais. A proposta aqui é a naturalidade: sem transgênicos, sem corantes e conservada naturalmente. A versão de Salmão e Cevada é particularmente interessante para o Maltês porque o salmão é a fonte suprema de Ômega 3, essencial para combater inflamações sistêmicas e deixar a pelagem impecável.

Eu gosto muito da inclusão de ingredientes integrais, como arroz integral e cevada, que fornecem energia de liberação lenta. Isso ajuda a manter o cão saciado por mais tempo, evitando aquela “fome de leão” o tempo todo. Além disso, a presença de condroitina e glucosamina, mesmo que em doses preventivas, é um bônus para proteger as articulações do seu pet, que, apesar de leve, salta muito e pode forçar os joelhos.

O tamanho do grão é perfeito para raças mini e a aceitação costuma ser muito boa. Para tutores preocupados com a sustentabilidade e a origem dos ingredientes, a Guabi Natural é uma escolha ética e saudável. É uma ração que raramente causa distúrbios gastrointestinais na troca, sendo muito segura para estômagos sensíveis.

5. Hill’s Science Diet Pedaços Pequenos

Hill’s Science Diet
Hill’s Science Diet

A Hill’s é a marca dos “veterinários clínicos” por excelência. A filosofia deles é baseada em evidência científica pura. A linha Science Diet para cães pequenos foca na longevidade e na saúde vital. O destaque vai para a digestibilidade altíssima; você percebe que o volume das fezes diminui, o que indica que o animal está absorvendo a maior parte dos nutrientes ingeridos.

Para o Maltês, que pode viver facilmente mais de 15 anos, a Hill’s oferece um complexo exclusivo de vitaminas C e E que atua fortemente na proteção celular contra radicais livres. É uma ração focada em “blindar” o organismo. Embora a embalagem não seja a mais chamativa e eles não apelem para “ingredientes exóticos”, a fórmula é extremamente estável e segura.

Muitos cães que chegam ao meu consultório com quadros de gastrite crônica ou sensibilidade intestinal se estabilizam muito bem com a Hill’s. O ponto de atenção é o preço, que costuma ser elevado, e a palatabilidade, que é boa, mas pode perder para a Royal Canin ou N&D em cães extremamente enjoados. Mas, nutricionalmente falando, é um “tanque de guerra” de qualidade.

Além da Ração: Nutracêuticos e Prevenção de Doenças

O mito da “lágrima ácida” e como a dieta interfere

Esse é o tema número um nas consultas de Maltês. A mancha marrom ao redor dos olhos, conhecida popularmente como lágrima ácida, na verdade, não tem nada a ver com o pH da lágrima ser ácido. A coloração vem da oxidação de componentes presentes na lágrima (porfirinas) em contato com o ar e a luz, somada à umidade que favorece o crescimento de fungos e bactérias. Mas a nutrição desempenha, sim, um papel crucial nesse processo.

Dietas com excesso de corantes, conservantes artificiais ou impurezas metálicas (como ferro e cobre em excesso ou de baixa qualidade) podem exacerbar o manchamento. Quando você oferece uma ração Super Premium com minerais quelatados (que são melhor absorvidos e menos excretados), você reduz a quantidade de porfirinas livres no organismo. Além disso, rações que promovem uma digestão ruim podem alterar a microbiota do cão, refletindo na composição das secreções corporais.

Portanto, não existe uma “ração mágica” que cure a lágrima ácida da noite para o dia, mas uma dieta limpa, livre de transgênicos e conservantes sintéticos, ajuda muito a controlar o problema. O segredo é associar essa alimentação de alta qualidade à higiene diária da região dos olhos, mantendo a área seca. Se a ração for rica em antioxidantes naturais, melhor ainda, pois ajuda a controlar a oxidação celular sistêmica.

Proteção articular: colágeno e condroitina para patelas

O “Calcanhar de Aquiles” ortopédico do Maltês é a luxação de patela. É aquela condição onde o ossinho do joelho sai do lugar, fazendo o cão mancar de repente e depois voltar a andar normal. Embora a correção definitiva seja cirúrgica em casos graves, a nutrição preventiva é sua melhor aliada para evitar o desgaste precoce da articulação e o desenvolvimento de artrose dolorosa no futuro.

Rações enriquecidas com sulfato de condroitina e glucosamina são essenciais. Esses compostos são os tijolos que constroem e reparam a cartilagem. No entanto, muitas vezes a quantidade presente na ração é apenas basal. Para um Maltês ativo, pode ser interessante buscar rações que também incluam colágeno tipo II não desnaturado ou Ômega 3 em altas doses, pois eles têm potente ação anti-inflamatória nas juntas.

Manter o seu Maltês magro através da dieta correta é a medida mais eficaz de proteção articular. Cada grama extra de gordura corporal sobrecarrega exponencialmente os joelhos dessas raças pequenas. Portanto, uma ração com L-carnitina (que ajuda a queimar gordura preservando a massa muscular) é um excelente recurso presente em algumas das fórmulas Super Premium que citei, ajudando a manter a estrutura corporal leve e saudável.

Saúde oral: o papel mecânico do croquete e aditivos

A boca pequena do Maltês é um “parque de diversões” para as bactérias que causam placa e tártaro. Os dentes costumam ser encavalados, dificultando a limpeza natural. Se a placa não for removida, ela calcifica, vira tártaro, causa gengivite e, eventualmente, a perda dos dentes e infecções que podem migrar para o coração ou rins. A ração seca tem um papel mecânico importante aqui: o atrito do grão com o dente ajuda a “raspar” a sujeira superficial.

Mas a tecnologia vai além. As melhores rações para a raça incluem hexametafosfato de sódio ou tripolifosfato em sua composição. Esses nomes complicados são, na verdade, micro-cristais que se dissolvem na saliva e formam uma película protetora sobre os dentes, impedindo que o cálcio se deposite e forme a pedra do tártaro. É como um escudo químico invisível que atua enquanto seu cão come.

Contudo, não se engane achando que só a ração resolve. A ração com esses aditivos retarda o processo e mantém o hálito mais fresco, mas a escovação continua sendo o padrão-ouro. Pense na ração dental como um auxiliar poderoso, não como um substituto total da higiene oral. A combinação de croquetes adaptados com cuidados em casa é o que garantirá que seu Maltês chegue à velhice com todos os dentes na boca.

Mix-Feeding e Hidratação: O Segredo da Longevidade

Por que misturar sachês pode salvar os rins do seu Maltês

Existe um mito antigo de que “comida úmida amolece as fezes e dá tártaro”. Esqueça isso. Na medicina veterinária moderna, incentivamos fortemente o Mix-Feeding, que é a prática de misturar ração seca com alimentos úmidos (sachês ou latas de alta qualidade). O Maltês, assim como muitos cães pequenos, tem predisposição à formação de cálculos urinários (pedras na bexiga) e problemas renais, muitas vezes porque bebem pouca água por conta própria.

Ao adicionar um sachê completo e balanceado à dieta diária, você está “enganando” o seu cão para que ele beba água comendo. Isso aumenta o volume urinário, deixando a urina mais diluída e “lavando” o trato urinário com mais frequência, o que previne a formação de cristais. Além disso, a comida úmida é muito menos calórica por grama do que a ração seca (pois é 80% água), o que ajuda a saciar o apetite de cães gulosos sem estourar a cota de calorias.

Para fazer isso corretamente, você deve reduzir proporcionalmente a quantidade de ração seca para não superalimentar o pet. Use sachês da mesma linha da ração seca (Super Premium) para garantir que não haverá desbalanceamento nutricional. Seu Maltês vai te agradecer, pois a textura e o sabor da comida úmida são muito mais atrativos para eles.

Alimentação Natural (AN) vs. Ração: o veredito veterinário

A Alimentação Natural (comida de verdade, cozida e balanceada) está na moda e tem benefícios inegáveis: alta umidade, ingredientes frescos e ausência de conservantes. Para um Maltês com múltiplas alergias ou paladar extremamente exigente, a AN pode ser a salvação. Tutores que migram para a AN relatam pelos mais brilhantes e cães mais dispostos.

No entanto, o perigo mora no improviso. Arroz com frango e cenoura não é alimentação natural completa. Faltam cálcio, vitaminas, minerais e óleos essenciais. Se você optar pela AN, precisará da prescrição de um zootecnista ou veterinário nutrólogo, que montará um cardápio e prescreverá um suplemento mineral-vitamínico obrigatório para adicionar à comida. Sem isso, seu Maltês desenvolverá deficiências graves (como ossos fracos ou anemia) em poucos meses.

A ração Super Premium, por outro lado, oferece a conveniência e a segurança de que cada grão contém exatamente o que o cão precisa, sem risco de erro humano na preparação. Minha recomendação? Se você tem tempo, dinheiro e disciplina para seguir uma dieta de AN à risca com suplementação, vá em frente. Se sua rotina é corrida, uma excelente ração Super Premium (como a N&D ou Guabi Natural) é nutricionalmente superior a uma AN mal feita.

Como fazer a troca de ração sem causar diarreia

O sistema digestivo do Maltês é sensível. Trocar a ração de uma vez só é receita certa para diarreia, vômitos e gases, o que pode desidratar o animal rapidamente. A flora intestinal do cão é adaptada ao alimento que ele come; quando mudamos bruscamente, as “bactérias boas” não conseguem digerir o novo alimento, causando o desarranjo.

A regra de ouro é a transição gradual de 7 dias. Comece misturando 20% da ração nova com 80% da antiga nos primeiros dois dias. Se as fezes estiverem firmes, aumente para 40% da nova e 60% da antiga nos dias 3 e 4. Vá invertendo a proporção gradativamente até que, no sétimo dia, o pote tenha 100% da ração nova.

Durante esse processo, observe seu cão. Se ele apresentar fezes moles, não avance a proporção; mantenha como está por mais uns dias ou até recue um pouco. O uso de probióticos (vendidos em pasta ou pó) durante a semana de transição é uma dica de consultório que ajuda muito a blindar o intestino e garantir que a nova dieta seja recebida com sucesso pelo organismo.

Quadro Comparativo: Maltês em Foco

Para facilitar sua escolha, montei um comparativo direto entre a ração mais popular (Royal Canin) e duas fortes concorrentes com propostas diferentes (N&D e PremieR).

CaracterísticaRoyal Canin MaltêsN&D Prime Mini (Cordeiro)PremieR Raças Específicas
Proposta PrincipalEspecífica para a raça, foco em palatabilidade e tártaro.Natural, Grain Free, alta proteína e baixo índice glicêmico.Custo-benefício, foco em saúde intestinal e odor das fezes.
Proteína PrincipalFarinha de vísceras de aves (alta digestibilidade).Carne de cordeiro fresca e desidratada.Farinha de vísceras de frango.
ConservantesSintéticos (BHA/BHT).Naturais (Tocoferóis, Alecrim, Chá Verde).Sintéticos (BHA/BHT) na linha padrão.
Pontos FortesAceitação incrível, formato do grão perfeito, resultados estéticos rápidos.Ingredientes nobres, sem grãos, excelente para alérgicos.Garantia de satisfação, bom preço, controle de odor.
Pontos de AtençãoPresença de transgênicos e conservantes artificiais.Preço elevado e alto teor proteico (cuidado com rins sensíveis).Menos “ingredientes funcionais” exóticos que a N&D.
Ideal ParaCães com apetite difícil e para tutores que querem segurança.Tutores que buscam o que há de mais natural e nutritivo.Quem busca qualidade Super Premium com orçamento equilibrado.

Perguntas Frequentes no Consultório

“Doutor, meu cachorro só quer comer frango, e agora?”

Isso é um clássico. O frango é muito saboroso, mas oferecer apenas frango desbalanceia totalmente a dieta. Se ele recusa a ração esperando pelo frango, você precisa ser firme. Ofereça a ração no horário correto, deixe disponível por 15 ou 20 minutos e, se ele não comer, retire. Não ofereça nada até a próxima refeição. Um cão saudável não vai morrer de fome com o pote cheio. Misturar um pouco de água morna ou sachê na ração pode ajudar a torná-la mais atrativa sem criar maus hábitos.

“Ração de manchas nos olhos funciona mesmo?”

Elas ajudam, mas não fazem milagre sozinhas. As rações específicas para “tear stains” geralmente funcionam limitando certos minerais e eliminando corantes que poderiam pigmentar a lágrima. Porém, se a causa da lágrima ácida for anatômica (duto lacrimal entupido) ou alérgica, a ração sozinha não resolverá. É preciso um tratamento conjunto: dieta limpa + higiene local diária + avaliação oftalmológica. A ração é uma peça do quebra-cabeça, não a solução mágica.

“Quantas vezes por dia um Maltês deve comer?”

Devido ao risco de hipoglicemia que mencionei anteriormente, o Maltês nunca deve comer apenas uma vez ao dia. Para filhotes até 6 meses, o ideal são 3 a 4 refeições diárias. Para adultos, recomendo dividir a porção diária em pelo menos 2 vezes (manhã e noite), mas o ideal seriam 3 vezes. Isso mantém o nível de energia estável, evita que o estômago fique vazio por muito tempo (o que pode causar vômito de bile, aquela espuminha amarela) e reduz a ansiedade por comida.